Intolerância e mediocridade contaminam mandato de vereador que debochou do governador gaúcho
Pensamentos, atitudes e convicções do vereador douradense Sérgio Nogueira expõem, claramente, sua identidade com as mais canhestras e perversas formas de privar-se da sensatez, enquanto semeia convicções de fundamentos intolerantes e preconceituosos. É pastor e filiado a um partido de direita (PP) vinculado ao bolsonarismo – o que explicaria princípios ou sua adesão às pautas discriminatórias, entre elas a homofobia.
A população de Dourados conhece alguns episódios reveladores da personalidade de Nogueira, atual líder do prefeito Alan Guedes (PP) e ex-integrante do PSDB. Na sessão do último dia 13, ao discursar na Câmara de Vereadores para falar sobre as inundações no Rio Grande do Sul, ele fez ásperas críticas ao governador gaúcho, o tucano Eduardo Leite. Mas não se contentou em atacá-lo politicamente. Escolheu o atalho perverso e fétido da discriminação sexual.
Segundo disse Nogueira, em lugar de ocupar-se da reconstrução de seu Estado o governador Eduardo Leite estaria mais “preocupado com o seu Primeiro-Damo, aí no seu governo”. E ainda completou, bravateando, ao anunciar que não enviaria nenhum apoio financeiro ao governo gaúcho. Sua atitude denota o crime de homofobia, porque Eduardo Leite é um dos poucos políticos brasileiros que assumiram sua condição de homoafetivo, publicamente engajado no movimento LGBTQIA+.
REINCIDÊNCIA
Em 2014, Sérgio Nogueira chegou a discursar propondo que os gays fossem isolados em uma ilha por 50 anos. A fala teve repercussão nacional. Várias organizações de defesa dos Direitos LGBTQIA+ condenaram o discurso, acusando o vereador de homofobia. Sua frase foi esta: “Coloca numa ilha. Deixa lá quem quer viver a sua homossexualidade, lá numa ilha, 50 anos. Coloca duas ilhas, duas ilhas, 50 anos. Daqui 50 anos não tem mais ninguém. Por quê? Porque a família é constituída de pai, mãe; macho, fêmea; homem, mulher; e daí vêm os filhos”.
O vereador douradense Diogo Castilho (PSDB) pediu à Comissão de Ética que analise o discurso de Nogueira e tome providências. A deputada tucana Lia Nogueira afirma que o discurso do pepista se enquadra em pelo menos três crimes: calúnia, difamação e homofobia. “É o mês de combate à homofobia. Não podemos ter um parlamentar falando dessa forma. Foi um posicionamento infeliz, mas pelo seu histórico a gente já sabe como ele é”, pontuou Lia.