Frederico Nardson e Vitória Chaparro foram presos nesta manhã (5) pela Decon. Eles fizeram 800 vítimas desde 2019; meta para 2023 era faturar R$ 5 milhões
Aplicando golpe do falso consórcio desde 2019, Frederico Nardson, 38 anos, e Vitória Chaparro, 23, foram presos na manhã desta quarta-feira (5), em Campo Grande. Em 4 anos, 800 pessoas foram enganadas. Só em 2022, os estelionatários lucraram R$ 4 milhões. A meta para este ano era R$ 5 milhões.
Eles são acusados de chefiarem quadrilha de estelionatários que conta com mais de 30 criminosos. A Polícia Civil estima que mais de 800 pessoas foram vítimas dos estelionatários na Capital.
Segundo a Polícia os criminosos desde 2019 aplicam o ‘golpe do consórcio’, detalhou o delegado-titular da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo (Decon), Reginaldo Salomão.
As vítimas eram majoritariamente pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica. “Pessoas pobres, vitimadas pela pandemia. Estou falando de piscineiro, pedreiro, pessoas realmente humildes. Tem uma menina, de 20 anos, que descarrega caminhão. Eu fiz questão de olhar o celular dela. Demorou dois anos para juntar mil e poucos reais, porque precisa descarregar oito caminhões por dia e ainda sustenta a mãe”, explicou o delegado.
A organização criminosa também atua nos estados do Paraná e Mato Grosso. As duas pessoas presas nesta manhã são acusadas de comandar o esquema na Capital sul-mato-grossense. Em Campo Grande, os estelionatários possuíam diversos Cadastros Nacionais da Pessoa Jurídica (CNJPs) abertos.
O modus operandi da quadrilha consistia em induzir as vítimas a usarem as próprias redes sociais e aparelhos eletrônicos para comprar uma “carta de crédito” inexistente. Depois, habilitavam chip nos aparelhos celulares com DDD 011, de São Paulo, alegando ser procedimentos da Matriz, e prometiam a liberação de valores altos em até sete dias após os alvos realizarem a transferência de qualquer quantia de dinheiro, “sem levar em consideração se o pagamento foi baixo ou se a vítima tinha restrição no nome”.
O Delegado estima que mais de 30 pessoas estejam envolvidas no estelionato. Destas, apenas o casal foi preso. Ele esclareceu que os estelionatários enrolavam as vítimas. “Diziam que esse dinheiro uma hora chegava e estava na Matriz. Então, a pessoa acabava desistindo”. A ação também envolve participação da Secretaria de Orientação e Defesa do Consumidor (Procon-MS).
“Foi uma investigação que marcou a gente no Procon e na Decon, justamente por conta dessas pessoas que foram lesadas. As vítimas eram pedreiros, piscineiros, que perderam tudo que tinham achando que estava fazendo um negócio. Eles tiravam de pessoas menos assistidas e menos providas para comprar Land Rover e ficarem em hotéis de luxo no Rio de Janeiro”, disse Salomão.
Uma das vítimas, mulher de 20 anos, perdeu R$ 1,5 mil, quantia que demorou dois anos para juntar. “Ela trabalha descarregando caminhão e levou dois anos para juntar o valor. Ela descarrega por dia oito caminhões e perdeu tudo no golpe”.
Durante a prisão desta manhã, uma Land Rover foi apreendida. Neste ano, uma Toyota Hilux 2023 já havia sido confiscada. “A prisão é justa, justíssima”. Reginaldo Salomão pontua que a Justiça de Mato Grosso do Sul “está de parabéns” por optar pela detenção do casal envolvido no estelionato. “Tanto nós da Decon quanto o Procon podemos dormir tranquilos”, disse.