Documento diz que além do trauma, outras ‘condições significativas contribuíram para a morte’. Pai de Sophia de Jesus Ocampo procurou a polícia e o Conselho Tutelar pelo menos quatro vezes antes do crime
O Instituto de Medicina Legal (IML) emitiu uma declaração de óbito em que aponta que a causa da morte de Sophia de Jesus Ocampo, de 2 anos, foi por um trauma na coluna cervical, que evoluiu para o acúmulo de sangue entre o pulmão e a parede torácica.
A declaração de óbito da Sophia, que apresenta que a causa da morte foi por um trauma raquimedular na coluna cervical, que evoluiu para uma hemorragia interna. O médico emergencista, Rodrigo Silva de Quadros, esclarece que houve uma lesão grave na coluna da menina.
“Trauma raquiomedeular significa uma lesão na medula espinhal e pode ser em qualquer altura do corpo. A medula espinhal é protegida por essa estrutura óssea que a gente conhece como a coluna cervical, coluna torácica e lombar. Essa lesão significa que existiu um trauma, e esse trauma causou a lesão na medula espinhal e na coluna vertebral”, explicou o médico
O documento emitido pelo IML também aponta que além do trauma na coluna cervical, outras “condições significativas contribuíram para a morte”.
Segundo as investigações, a criança apresentava sinais de estupro e espancamento.
A menina chegou morta à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Coronel Antonino, no dia 26 de janeiro. Stephanie de Jesus Da Silva e Christian Campoçano Leitheim, mãe e padrasto da menina, estão presos.
De acordo com a Polícia Civil, o pai da criança realizou duas denúncias de maus-tratos em 2022 e ambos os inquéritos policiais foram concluídos e encaminhados ao Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS).
A polícia identificou ainda que a menina foi atendida na rede pública de saúde mais de 30 vezes. Em uma das idas à unidade, a pequena estava com fratura na tíbia, mas o caso sequer foi avisado à polícia. Em resposta ao número de atendimentos a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) negou que os funcionários identificaram violência.
Dia da morte
Segundo a avó da menina, uma professora de 48 anos, a criança estava passando mal e vomitando, desde o início da manhã de quinta-feira (26), dia em que morreu.
No dia, Sophia estava sendo cuidada pela mãe, Stephanie de Jesus Dada Silva, de 24 anos, e chegou a ter uma melhora no início da tarde. No entanto, a criança voltou a piorar por volta das 17h.
Ela foi levada pela própria mãe à UPA do bairro Coronel Antonino, mas chegou no local sem vida. Segundo informações da polícia, a criança já estava morta havia cerca de quatro horas quando deu entrada na unidade.
Ainda segundo a avó, a neta tinha hematoma nas costas, na boca, teve sangramento pelo nariz e apresentava abdômen inchado, indicando uma possível hemorragia interna.