O ministério do governo boliviano, pasta que cuida da área de segurança do país, ainda não se manifestou sobre o caso. Segundo investigação brasileira, o avião do cantor pode ter sido usado pelo tráfico e estar apreendido em Santa Cruz de La Sierra
A Polícia Civil de Mato Grosso do Sul espera desde o dia 27 de março de 2022 a autorização do governo da Bolívia para periciar 66 aviões roubados, sendo uma possível aeronave do cantor e ator Almir Sater. A informação sobre a data exata foi repassada nesta quinta-feira (5).
O ministério do Governo boliviano, pasta que cuida da área de segurança do país, não respondeu aos questionamentos feitos sobre o caso. A aeronave de Almir Sater foi roubada em 2021 em um “arrastão” em Aquidauna (MS).
A secretaria de Segurança Pública e Justiça (Sejusp) já realizou todos os trâmites junto ao Itamaraty para entrar na Bolívia, conforme a delegada responsável pela investigação, Ana Cláudia Medina. Entretanto, o país vizinho não respondeu aos pedidos da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul e dos órgãos federais.
“Reiteramos diversos e diversos pedidos para podermos ter acesso oficial as aeronaves apreendidas, mas nunca responderam”, detalha Medina.
Segundo a delegada, todas as vítimas em Mato Grosso do Sul estão ciente do desenrolar das investigações. Medina também disse que donos de aviões furtados em outros locais do Brasil procuraram o Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco) pedindo ajuda para que as aeronaves na Bolívia sejam periciadas.
Aviões na Bolívia
Após mais de um ano do “arrastão” que levou três aviões, incluindo o do cantor e ator Almir Sater, do aeroporto de Aquidauana (MS), o Dracco apura a hipótese de que a aeronave do artista esteja na Bolívia e tenha sido usada pelo tráfico internacional de drogas.
De acordo com a delegada responsável pelas investigações, Ana Cláudia Medina, em 2022 houve uma grande apreensão de aeronaves no aeroporto de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, e o avião do cantor pode estar entre os apreendidos.
“As aeronaves apreendidas estavam lá a serviço do narcotráfico. Algumas características das aeronaves roubadas em Aquidauana batem com os aviões que estão apreendidos na Bolívia. Nós fizemos todas as gestões para que pudéssemos ter acesso as aeronaves e periciá-las, pois estavam adulteradas”, detalha Medina.
Autorização para perícia
No Brasil, a Polícia Civil já estabeleceu todos os trâmites e aguarda a autorização do governo boliviano para que a perícia técnica seja feita nos aviões em Santa Cruz de La Sierra.
“Aguardamos o posicionamento do governo da Bolívia para a nossa entrada lá. A gente não pode afirmar que são os aviões. As características são parecidas, mas para qualquer tipo de constatação existe a necessidade de ir até o local e periciar. Os modelos são muito semelhantes”.
A delegada e responsável pelo Dracco explica que a hipótese de o avião ter ido para a Bolívia já havia sido levantada. A comparação entre as aeronaves apreendidas na Bolívia e das roubadas em Mato Grosso do Sul foi feita apenas por fotos até agora.
“A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul já adotou junto a Brasília todos os pedidos necessários para que a gente possa ter acesso a essas aeronaves aprendidas. Tiveram 38 pessoas presas na época. A gente tem informações que os aviões estão todos alterados”, detalha a delegada.
Entenda o caso
O roubo da aeronave ocorreu no aeroporto de Aquidauana por volta das 2h (no horário local de MS) de 6 de setembro de 2021. De acordo com a polícia, ao menos 18 criminosos estiveram no local do roubo.
O grupo rendeu o vigia e o obrigou a abastecer os aviões, além de outras pessoas que trabalhavam no aeroporto. Ao todo, seis pessoas já foram presas pelo crime, sendo um homem localizado na Bolívia.
Foram levados os seguintes aviões:
Um do tipo bonanza v35b, matrícula PTING, de propriedade do pecuarista e ex-prefeito de Aquidauana José Henrique Trindade;
Um do tipo Sky Lane, matrícula PTKDI, do pecuarista Zelito Alves Ribeiro e de seu sócio, Joel Jacques;
Um do tipo Sky Lane, matrícula PTDST, do cantor Almir Sater.
Como não havia iluminação, os homens entraram pelos fundos e, de início, tentaram levar uma aeronave. Na sequência, eles renderam o vigia e o obrigaram a fazer o abastecimento, amarrando o homem em seguida e fugindo.
Uma testemunha conversou com a polícia e disse que chegou a escutar o barulho do momento em que levantavam voo, porém, achou que fosse alguma emergência médica e, por isso, não foi verificar.
Os bandidos que fizeram um arrastão estavam “fortemente armados”, sendo que alguns deles falavam “língua espanhola e outros o idioma brasileiro”, segundo a polícia.