O Fantastic Fest (um festival anual de cinema em Austin no Texas) sediou a estreia mundial da última adaptação de Stephen King, O Cemitério Maldito – Como Tudo Começou. Baseado em um trecho do romance de sucesso de King, O Cemitério Maldito, o filme leva o público de volta no tempo enquanto o jovem Jud Crandall se prepara para ser o primeiro de sua família a deixar a cidade de Ludlow em 1969. Quando uma série de acontecimentos infelizes atrasa sua partida , Jud se depara com o segredo mortal da cidade que ameaça destruir tudo o que ele ama. Estreia na direção de Lindsey Anderson Beer, que também adaptou o roteiro com Jeff Buhler (O Cemitério Maldito de 2019, O Último Trem), os fãs de King ficarão agradavelmente surpresos com o que este filme tem a oferecer.
Embora a maioria das adaptações do trabalho de King sejam de seus romances ou contos, O Cemitério Maldito – Como Tudo Começou pega um pequeno pedaço da história de um único capítulo de seu romance O Cemitério Maldito e o expande em um longa-metragem. É um conceito inteligente porque muitos fãs de terror estão ansiosos para aprender mais sobre esse período e esses personagens do universo King. Também permitiu aos cineastas uma boa quantidade de liberdade criativa para incorporar ideias originais. O público aprende mais sobre personagens que já conhece e ama e, ao mesmo tempo que conhece uma série de personagens novos e interessantes. Na verdade, eu diria que os novos personagens foram a melhor parte do filme, e gostaria que o filme tivesse focado um pouco mais neles.
Além de desenvolver personagens novos e antigos, O Cemitério Maldito – Como Tudo Começou também contribui para a tradição estabelecida no romance de King e nas adaptações cinematográficas anteriores. É o melhor tipo de prequela, que se baseia nos mitos com os quais o público está familiarizado e até mesmo leva-o em uma direção nova e emocionante. Muitos já conhecem as lendas indígenas da terra. No livro de King e nas adaptações anteriores da história, esses elementos indígenas foram usados de forma estereotipada e até mesmo culturalmente insensível. Está quase implícito que a tribo Mi’kmaq que originalmente habitava esta terra a amaldiçoou de alguma forma. O Cemitério Maldito – Como Tudo Começou ainda incorpora essas lendas, mas altera o mito de uma forma que melhora o enredo e celebra o passado e o presente da comunidade indígena de Ludlow. Tudo leva a um final satisfatório que conta uma história completa e convincente, ao mesmo tempo que conduz perfeitamente aos eventos de O Cemitério Maldito.
O Cemitério Maldito – Como Tudo Começou tem um elenco que inclui muitos ícones do cinema, bem como rostos mais recentes. Os cinéfilos reconhecerão imediatamente David Duchovny como Bill (Arquivo X, Jovens Bruxas – Nova Irmandade), Henry Thomas como Dan (A Maldição da Residência Hill, Doutor Sono) e até mesmo a lendária Pam Grier como Marjorie (Jackie Brown, Fantasmas de Marte), cada um dando momentos e performances memoráveis.
Jackson White (Ambulância, Sra. Fletcher) interpreta o jovem Jud. Esta versão de Jud leva o personagem de um velho arauto a um herói atraente. Embora não haja muita profundidade na atuação de White, ele ainda oferece um personagem charmoso e com grande energia de “gostosão”. Já Natalie Alyn Lind interpreta sua esposa Norma.
Dois novos personagens apresentados são Manny, interpretado por Forrest Goodluck (Cherry – Inocência Perdida, O Regresso), e sua irmã Donna, interpretada por Isabella LaBlanc (Solte o Ar Bem Devagar) em sua estreia no cinema. Não apenas Manny e Donna são os personagens mais interessantes do filme, mas Goodluck e LaBlanc também apresentam ótimas atuações, fazendo-os se sentirem como verdadeiros irmãos. Goodluck é um destaque imediato, dando a Manny um exterior duro que é fragmentado por seu senso de humor hilariante e seu amor por sua irmã e amigos.
Por último, mas não menos importante, precisamos falar sobre Jack Mulhern (The Society, Mare of Easttown) interpretando Timmy. Os fãs de O Cemitério Maldito provavelmente se lembrarão da infeliz história de Timmy. Mulhern é positivamente perturbador, exalando maldade toda vez que Timmy está na tela, com uma fisicalidade assustadora adicionada à performance.
Seja um suspense sutil ou sustos chocantes, O Cemitério Maldito – Como Tudo Começou definitivamente oferece terror. A produção e o design do cenário criam a sensação inicial sinistra com um visual que lembra os clássicos antigos filmes de monstros da Universal. A partir daí, os efeitos práticos trazem os mortos de volta à vida e mostram ferimentos horríveis. Algumas delas são mais sutis, como a leve maquiagem de Timmy, dando-lhe uma palidez de morto-vivo. Alguns são muito mais grandiosos e grotescos, pois as pessoas são esfaqueadas, cortadas e até comidas. O Cemitério Maldito – Como Tudo Começou também incorpora várias espirais que sugerem o poder sinistro que paira sobre Ludlow e inclui versões atualizadas e ainda mais sombrias das máscaras de animais mostradas no filme de 2019.
O Cemitério Maldito – Como Tudo Começou expande um mito familiar, dando-lhe uma atualização cultural muito necessária, abrindo caminho para novos personagens interessantes, gerações de horrores sobrenaturais e muito sangue. Beer teve a difícil tarefa de dar vida a um pedaço de uma história muito amada, especialmente como estreia na direção, e ela prova que está à altura da tarefa. Pode não ser um filme perfeito, mas é uma viagem emocionante que traz muitos sustos e algumas risadas surpreendentes. O destaque de O Cemitério Maldito – Como Tudo Começou é o elenco repleto de estrelas que parece ter se divertido muito fazendo este filme. Mesmo com a edição grosseira, a quantidade de cuidado dispensado ao visual é aparente nos cenários, nos efeitos práticos e nas imagens sutis.
5 pipocas!
Disponível na Paramount+ e no canal do Telecine dentro do Prime Video.