Se você adorar arte e der uma pesquisada sobre a do Canadá, encontrará diversas referências à Maude Lewis. E se você ama uma história de determinação, criatividade e destemor, você vai adorar Maudie: sua vida e sua arte; a história de sua trajetória pessoal e artística foi trazida para as telonas. Dirigido pela diretora Aisling Walsh, e estrelado por Sally Hawkins e Ethan Hawke, respectivamente como Maudie e Everett, o filme segue as experiências adultas e a parceria da artista folk com o recluso homem que se tornaria seu marido e companheiro de vida.
Maudie Lewis foi uma artista autodidata que viveu toda sua infância com um caso cada vez mais desafiador de artrite juvenil. Ela viveu com sua família até os 20 anos pintando todos os dias mas, quando seus pais faleceram, ela foi enviada para morar com sua tia Ida (Gabrielle Rose). O desejo de independência a levou a responder um anúncio de serviço como empregada doméstica de Everett Lewis, um pescador e faz-tudo local, que queria alguém para cuidar de sua casa sem água encanada, nem eletricidade.
Maudie queria mesmo é ter um sentimento de pertencimento e isso, a duras penas, os levou a se casarem em 1938 e construírem uma vida simples juntos, onde ela pintava todos os dias, e Everett mantinha a casa enquanto barganhava com turistas e colecionadores o preço dos quadrinhos originais que ela criava.
O filme captura a dureza do ambiente em que essas belas e alegres pinturas foram criadas, bem como os desafios que Maude enfrentou por causa de suas dificuldades físicas e das pessoas ao seu redor. É um filme lento porém lírico, como um estudo da determinação e força de vontade de Maudie para encontrar alegria em cada dia que teve a sua frente. A obra, dessa forma, torna-se um lembrete para que façamos o mesmo que ela; lutemos, principalmente aqueles de nós que nunca enfrentamos os desafios físicos e financeiros que ela enfrentou.
Maudie tinha uma visão única de expressar a alegria dos prazeres simples da vida diária. Ao longo de sua caminhada, ela pintou a própria casinha deles, por dentro e por fora, e hoje, sua casa se tornou parte da exposição Maudie Lewis: a Galeria de Arte da Nova Escócia.
Sally e Ethan, ambos atores já premiados, tiveram ótimas performances. Mas Sally como Maudie, dificilmente será ignorada no longa. Ela entregou um otimismo teimoso e atitude séria de uma forma que é inspiradora. Sem nunca representar só por simpatia, ela deu a Maudie um nível de dignidade que poucos outros atores poderiam ter alcançado. Se assistirmos vídeos antigos da verdadeira Maudie Lewis, ficamos impressionados com a semelhança entre a atriz e a artista, tanto no falar quanto no andar, e é claro, no modo como encontrou a felicidade naquela casinha, apenas pintando todos os dias, com um cigarro em uma das mãos e um pincel na outra.
Existem tão poucas artistas mulheres sendo representadas em filmes que é adorável ter este testamento cinematográfico de uma das grandes heroínas do Canadá. Maudie: sua vida e sua arte é um filme que prestou um serviço a todos nós. Não é o maior sucesso da década mas certamente pode causar um baque nas nossas atitudes frente a situações desanimadoras.
5 pipocas!
Disponível na Netflix.