Um trágico acidente com o garotinho o Max (Baylen D. Bielitz) altera o vínculo entre melhores amigas e vizinhas Celine (Anne Hathaway) e Alice (Jessica Chastain), levando sua amizade – e sua sanidade – ao limite. Será que alguma delas sobreviverá à culpa e à paranóia que dominam seu mundo perfeito?
O tédio da vida suburbana é um tema bastante conhecido no cinema, transformando as camadas de uma existência aparentemente pitoresca em algo mais sinistro. Entre em Instinto Materno: uma nova adição familiar, intrigante aos subúrbios cinematográficos. Fazendo sua estreia na direção, a experiência de Benoît Delhomme como diretor de fotografia compensa muito neste drama ambientado na década de 1960. As fotos são compostas de maneira bela e misteriosa. O figurino requintado também conta histórias valiosas, com paletas de cores que refletem incisivamente os estados emocionais das mães. Tudo é lindo de se ver na superfície, o que torna a escuridão que está por baixo (e há bastante) ainda mais deliciosa. (Ou seja, um filme com características hitchcockianas)
O verdadeiro poder do Instinto Materno está em seu elenco de dinamite. Anne Hathaway, cujo cabelo e figurino lembram Jackie Kennedy, é excelente como uma mãe que tenta se reaclimatar à sociedade após uma perda terrível. São as dicas de algo mais sinistro por trás da sinceridade de sua atuação que a torna um prazer assistir. Jessica Chastain fornece um contraponto digno, sofrendo de sua própria culpa e ansiedade avassaladoras enquanto tenta simultaneamente criar uma vida idílica para seu marido e filho.
A dupla já estrelou filmes juntos antes (Interestelar e Armageddon Time), mas em Instinto Materno, eles finalmente conseguem compartilhar um quadro. É uma emoção ter dois atores no topo de seu jogo, jogando um contra o outro, e sua química é tão estimulante quanto tentar descobrir o próximo passo do filme. As atuações coadjuvantes também impressionam – embora seus personagens não sejam tão ricos, Josh Charles impressiona como o pai Damian, atingido pela dor, e Anders Danielsen Lie aproveita ao máximo seu papel como o marido Simon, bastante genérico e sem apoio.
A tensão aumenta de forma constante e ameaçadora ao longo do Instinto Materno. Embora o período e o assunto possam parecer um ajuste natural para o melodrama, Delhomme interpreta as coisas de maneira surpreendentemente imparcial. É uma escolha que compensa, deixando os atores guiarem as emoções sem as amarras autoritárias que você esperaria do gênero. O escopo da história é propositalmente limitado, resultando em algumas cenas que parecem um tanto iguais, mas no geral, este é um thriller tenso e emotivo que você não esquecerá tão cedo.
Thrillers adultos sofisticados são poucos e raros, e Instinto Materno preenche o vazio admiravelmente. Com imagens vívidas e impressionantes e design de produção de alto nível, o filme pinta um retrato emocionante e mais sofisticado da intriga psicológica.
4 pipocas!
Disponível para aluguel por 18,90 no Prime Video e YouTube.