Em Il Processo, como toda boa série de investigação, tudo começa com um assassinato. A descoberta do corpo da adolescente Angelica faz com que a promotoria pública italiana entre no caso. Quem assume as investigações é a promotora Elena Guerra. No entanto, ninguém sabe que ela tem uma ligação muito direta com a vítima. Se souberem, ela pode ser desligada do caso. Dessa forma, ela mantém segredo sobre o assunto.
Ao mesmo tempo, ela tem problemas conjugais: o marido Giovanni mora em Nova York e eles estão em crise. Ainda assim, ela precisa trabalhar e focar na situação. As pistas acabam levando a Linda Monaco, uma mulher da alta sociedade que é indiciada como principal suspeita do crime.
Para defendê-la no julgamento, Linda contrata Ruggero Barone, um advogado brilhante e que tem uma bela ficha de casos ganhos. Entretanto, ele acaba se envolvendo com a sua cliente de uma forma não muito recomendável. Ruggero acaba amarrado à história de Linda, ao mesmo tempo em que precisa provar que ela é inocente. Será mesmo que ela não tem culpa?
Nos 8 episódios de Il Processo, vemos um desfile de testemunhas que hora corroboram com a tese de que Linda é culpada mas, em outros momentos, aparece algo que coloca a tese em dúvida. Essa confusão prende o espectador até o final: afinal, quem matou Angelica?
O mais interessante em Il Processo é a forma como os personagens são desenvolvidos. Em determinado momento, a história principal — o julgamento — acaba eclipsado por um competente estudo de personagens. Cada um deles tem uma história paralela em desenvolvimento, nos fazendo pensar mais em seus destinos do que no julgamento em si.
Isso não quer dizer que Il Processo não tenha um enredo envolvente. Toda a história do assassinato e do julgamento poderia segurar a série tranquilamente. A opção, no entanto, foi mostrar ao espectador quem são aquelas pessoas que realizam o embate no tribunal. Cada uma delas tem seus problemas e precisa lidar com outras batalhas fora do ambiente do tribunal. São ótimos personagens.
Para que isso aconteça, é bom ressaltar o elenco coadjuvante. Não fosse por eles, Il Processo não teria tanta força. A construção desses personagens é muito bem feita, e conforme os episódios vão passando, isso fica evidente. Há o pai de Elena, um ex-juíz moralista. O marido de Linda. O ex-amor de Elena. São essas variações no roteiro que fazem com que a história ganhe nossa atenção nos detalhes, diferente de outras produções.
Il Processo é toda montada em cima de dois pontos de vista: o de Elena e o de Ruggero. A direção faz questão de ressaltar isso ao mudar até mesmo o formato de filmagem para cada uma dessas visões. Por isso, a série alterna entre o 16:9 e o 35:1 — uma de ângulos mais abertos, outro mais fechados.
Por mais que “séries de tribunal” não caiam sempre no gosto popular, vale a pena assistir Il Processo. Por ser uma série antológica, tem um final fechado e bastante satisfatório. É um excelente passatempo para a quarentena.
5 pipocas!
Em cartaz na Netflix.