O pequeno J.D. Vance (Owen Asztalos) está farto. A vida que ele aguenta nunca lhe deu trégua. Não houve um único momento em que foi capaz de respirar em paz sem ter que lidar com uma tragédia. Seja o colapso de sua mãe Bev (Amy Adams), a morte do avô (Bo Hopkins), a severidade de sua avó (Glenn Close) ou a falta de oportunidades, ele simplesmente não aguenta mais. E parece que o melhor mesmo é abandonar tudo de uma vez.
Em Era Uma Vez um Sonho (Hillbilly Elegy), o diretor Ron Howard, o criador de Apollo 13 (1995) e Rush: Paixão e Glória (2013), apresenta uma história sobre aqueles que tiveram que ser resgatados; sobre aqueles que perderam tudo, até o desejo de continuar lutando. Conheceremos o doloroso presente de J.D. Vance (Gabriel Basso como adulto), um acadêmico de Direito, que tem uma entrevista de estágio marcada mas, descobre que sua mãe Bev, teve overdose de heroína. Através de J.D. e sua irmã Lindsay (Haley Bennett), acabamos entendendo como eles e a família ficaram presos em um beco que hoje não permite que eles tenham paz.
Com eles, estamos em um abismo onde as pessoas sobrevivem com vale-refeição e a boa vontade de outras pessoas. A desesperança que nos cerca é tão grande que parece que aqui não há nada pelo qual valha a pena lutar.
O drama desta história é tal que sentimos vontade de entrar na tela pra ajudar. Em um longa de cerca de duas horas, há alguns momentos tensos que podem até cansar as pessoas na frente da tela, no entanto essa dor é o fio condutor da trama. É um filme que trata com condescendência e muita realidade a problemáticas das drogas em uma sociedade que foge vida quando é desafiada. No entanto, todos nós já passamos por uma época em que a desesperança tenta nos sufocar e é aí que devemos nos agarrar as esperanças.
Glenn Close interpreta uma senhora que, embora tenha enfrentado grandes dores ao longo da vida, não se deixou desmoronar. Amy Adams, por sua vez, interpreta uma mãe solteira cuja instabilidade emocional a leva a se envolver no mundo das drogas. Aqui estamos em uma espiral de drama e dor que arrasta seus protagonistas para o fundo. Com esta adversidade como pano de fundo, este filme torna-se o melhor cenário para as suas duas atrizes estrelas brilharem; e talvez já estejamos em um ponto em que rotular a atuação de Close ou Adams com palavras como “surpreendente” ou “comovente” seja um pouco desnecessário, já que elas sempre impressionam.
Era Uma Vez um Sonho é mais um filme de ótima qualidade impecavelmente filnado que conseguiu transcender o tempo com suas histórias e seus olhares.
5 pipocas!
Disponível na Netflix.