A prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes, do PP, e os seus assessores jurídicos, ambos muito bem pagos pelos contribuintes para servir à sociedade, e não servir-se dela, deveriam estar por dentro daquilo que são obrigados a fazer. Por exemplo: cumprir as leis. Ou, se ainda não sabem para que serve uma prefeita, a atitude mais coerente seria trocar de cadeira e buscar uma atividade dentro de sua raia de conhecimentos.
Esta afirmação se sustenta num alicerce inquestionável: a lei. Ou a prefeita e assessores desconhecem o artigo 189 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). Ipsis literis: “Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos”.
Até para os leigos, neste caso um pingo é letra. Então, qual a razão que leva a prefeita a afrontar a lei e chutar a própria palavra, recusando-se a pagar à enfermagem, uma das categorias do quadro de servidores municipais, um direito trabalhista inapelável? É obrigação reconhecida por uma gestora que demonstra não estar ligada à grandeza de um fato histórico, o de ser a primeira mulher eleita para governar a Capital.
Não existem duas Adrianes. A Adriane Lopes que ignora o direito consolidado deste grupo de trabalhadores mal-remunerados é a mesma Adriana Lopes que abre os cofres publicos para financiar, até em folha secreta, a politicagem do empreguismo, contratando apadrinhados pagos pelos super salários que drenam o dinheiro suado dos campograndenses.
Agora, a Justiça manda a prefeita pagar sua dívida com uma das categorias que se expõem a toda sorte de riscos, arriscam a própria saúde e ganham pouco para proteger a vida e a integridade física do povo. E é muita cara-de-pau a alegação da sua assessoria jurídica, ao alegar que não se paga o adicional porque nem todos os servidores da enfermagem têm esse direito e a reclamação deveria ser com repasse individualizado.
Esta é mais uma desculpa esfarrapada, que vem ampliar o borrão de manchas na imagem da gestora. Segundo a Justiça, se necessário o pagamento do adicional já poderia ter sido feito de acordo com os vínculos, direitos e encargos de cada servidor.
Pode ser que a prefeita tenha desejado e anunciado entrar na história da cidade gloriosamente. Infelizmente, para ela, não existe glória histórica a quem entra pela porta dos fundos.