A relação promíscua entre as empresas e o poder público no município é histórica, com os empresários decidindo quantos veículos devem operar em cada linha, os horários que serão respeitados e quais serão suprimidos, mostrando quem é que manda no setor de transporte coletivo. Amigo pessoal de vários empresários da área, o ex-prefeito Marquinhos Trad disse que iria ser feita uma série de melhorias, mas até a sua saída da prefeitura em 2 de abril nenhum passo havia sido dado efetivamente nessa direção, a não ser a liberação de R$ 12 milhões para o Consórcio Guaicurus.
Para o ex-prefeito inclusive, o governo do Estado deveria pagar pelos passes de estudantes da rede e estadual de ensino. Também questiona os cerca de 2 mil [estudantes] de escola particular que ganham passe. Marquinhos considera um contrassenso, se a pessoa tem dinheiro para pagar a escola particular, porque ela vai andar de graça no ônibus? Ora porque o passe estudante é Lei federal. Mais uma vez demonstrou total desconhecimento de causa, o que já é notório. Não raro Marquinhos espalha Fake News sobre vários assuntos, distorce informações e diz meias verdades.
É cada vez mais urgente transformações profundas no transporte público. Desde 2013, com a insatisfação generalizada da população em relação ao preço da passagem, nas chamadas Jornadas de Junho que culminaram em diversas outras reivindicações, ficou claro que o ciclo de reajustes acima da inflação e estagnação na qualificação dos serviços não poderia continuar.
No entanto, os fatos que levam à falência do modelo atual são muitos e envolvem diversos fatores. O critério de sustentação financeira do transporte público no país é altamente dependente da tarifa paga pelo passageiro, com pouquíssimos casos de subsídio governamental ou outras fontes de receita que sejam razoáveis para suprir os custos operacionais. Com essa política tarifária, porém, há um círculo vicioso que se inicia no aumento das tarifas e consequente perda de competitividade em relação ao transporte individual.
Com aumentos constantes no preço do diesel, e estímulo ao uso do automóvel por meio dos aplicativos, o transporte público se mostra menos viável à população, e cada novo aumento na passagem tira ainda mais pessoas dos sistemas públicos de transporte.
O Consórcio Guaicurus, que teve no seu comando até o mês passado, o empresário João Rezende, por exemplo, que assumiu os serviços de transporte público na Capital em 2012, sempre sofreu com as cobranças e reclamações da população e do próprio Poder Público. Isso porque deixa de cumprir as exigências do contrato, mesmo sabendo que algumas delas são inexequíveis diante da atual realidade econômica e força novos pedidos de reajuste de tarifa, estes inaceitáveis à população. Com isso, as empresas de transporte fingem que fazem o serviço por completo, os administradores ficam reféns de um edital de concessão irreal e a população segue com um transporte público muito aquém do que merece pelo preço que paga. Triste realidade.
No entanto agora, Rezende estreante na carreira política, quer se eleito à Câmara Federal, vem defendendo a Tarifa Zero no transporte, mudar a legislação federal para tal. Nobre da sua parte, já que os lucros das empresas que operam o serviço vem caindo. E para lotar os ônibus novamente com 150, 170, 200 pessoas quer criar um Fundo para garantir o lucro estratosférico dos empresários. Normal, já que o bem estar dos usuários nunca foi prioridade dos empresários do setor e muito menos do ex-prefeito Marquinhos Trad.
Em resumo, Não se fala em renovação de frota. Não se fala em oferecer um transporte de qualidade ao usuário. Enquanto os fiscalizadores do setor não tomam providências, os usuários do transporte coletivo continuarão a mercê da própria sorte.
Tenho Dito!