Há quem aposte, numa época de tanta impunidade, que a justiça dos homens tarda, mas não falha. Mas vem aumentando, e de forma impressionante, a quantidade de gente que diante dos fatos adota a postura de São Tomé: só vendo para crer.
O crime não deveria compensar, mas continua exercendo nos indivíduos forte atração pela enorme facilidade com que a sede do lucro, do poder e de ambições desmedidas pode ser saciada quando a fonte é o cofre público, em qualquer dimensão, jurisdição ou categoria. Criativas e audaciosas, as mentes criminosas urdem as mais sofisticadas maquinações para manter institucionalizada e operante a prática da corrupção.
Corruptores e corruptíveis são encontrados em qualquer lugar, principalmente se a maracutaia for tecida e executada na associação entre o público e o privado ou na troca de favores e sinecuras entre as instituições, como o nepotismo cruzado e os contratos de cartas marcadas para atender encomendas de interesse político na contramão do interesse comum.
Os sanguessugas dos cofres públicos vêm causando colossais prejuízos à sociedade e não se intimidam com os braços das autoridades e dos órgãos de fiscalização, controle, repreensão e punição quando estes se dispõem a cumprir suas obrigações. Queiram ou não, a impunidade continua sendo servida, em pratos generosos, nas diferentes esferas de poder onde a corrupção respira.
O diacho é que o dinheiro para bancar essas falcatruas sai do bolso do contribuinte. Para citar exemplos bem próximos e à vista de todos os sul-mato-grossenses, aí estão os casos já denunciados do empreguismo e dos benefícios fraudulentos de órgãos públicos.
Enquanto trabalhadores normais e que trabalham de verdade precisam comprovar presença no serviço por um mínimo de quatro décadas para fazer jus à aposentadoria, há felizardos bancados pelo dinheiro do contribuinte que com um único mandato de deputado, que é de quatro anos, já garante uma renda considerável para engordar sua conta bancária todo santo mês.
Que venha a apuração dos fatos, sem máscara e sem firulas, para que a verdade seja estabelecida e a população readquira a confiança numa justiça que, por enquanto, dá razão aos devotos de São Tomé.
GERALDO SILVA