Vacinar os grupos prioritários (idosos, indígenas e profissionais da saúde, em primeiro plano) é fundamental e já deveria ter sido uma das tarefas cumpridas – entenda-se: isto se o Brasil acima de tudo tivesse um dirigente ou uma governança que tratasse o País não como aquele cercadinho de bajuladores no Palácio do Planalto.
O brete palaciano não quer saber da verdade. Porque a verdade incomoda, e muito, o dono da festa que tem perfil de atleta e não cai com qualquer gripezinha, como essa que está aí causando tanta choradeira, tanto mimimi. Né mesmo?
Pois então, cadê as vacinas? O mundo, à exceção do Brasil, pode não ter resolvido o problema. Mas não sofrem tanta angústia como os brasileiros que não sabem quando serão ou se conseguirão ser imunizados antes que sofram algum ataque-surpresa desse vírus e de suas cepas.
Até agora, em apenas 12 meses – desde o início da pandemia, em março de 2020 – já foram nomeados quatro ministros. Os três primeiros pediram demissão. Foram obrigados a isso porque o capitão, o homem da caneta, é ele quem quer ditar as regras no ministério.
A política pública de Saúde deveria ser da competência do ministério, órgão que foi institucionalmente criado e existe para esse mister. Menos neste Brasil, governado pelo patriota que aconselha a tomar qualquer coisa que sirva para qualquer coisa, ignorando que a Covid-19 não é qualquer coisa, mas sabendo que seus fiéis vassalos fazem, comem, bebem e vomitam qualquer coisa que o capitão empurrar goela abaixo.
A falta de vacinas é mais um dos motivos determinantes para a tragédia que vive o Brasil, agora além das 300 mil mortes e a caminho de outros tristes recordes se esta situação continuar sem comando, sem estratégia, sem o tapinha no ombro dos exaustos enfermeiros e sem os capazes no gerenciamento de crises.
Não adianta culpar governadores, prefeitos, o juiz ou o mordomo. Não é só a aglomeração, a rave dos grã-finos, o futebol society no clube ou o banho com a “tchurma” num balneário. E não é apenas ignorar o uso de máscaras, deixar de lavar as mãos com álcool gel e sabão ou ventilar os ambientes. Tudo isso contribui – mas sem a vacina, tudo isso é nada ou vira qualquer coisa, tão qualquer coisa quanto o “kit coronavírus” do presidente.
Enquanto o País continuar sem vacina pra todo mundo e seu presidente enfronhado na leitura das pesquisas, das tendências eleitorais do Centrão e do que fará com Lula, Moro, Dória & Cia em 2022, a situação de 2021 seguirá sendo a de hoje: lágrimas e cruzes num país sem vaga hospitalar, sem leito de UTI, sem insumo para o tratamento.
O presidente criou um comitê para coordenar o combate à pandemia. Sem vacina, no entanto, o tal comitê pode ficar servindo de nada no reino da qualquer coisa.