“O 7 de Setembro pertence a todos os brasileiros e não deve ser reclamado ou usado por um grupo político ou ideológico específico que tente confundir o significado da data cívica com seus próprios objetivos egoístas. O Dia da Pátria, ao contrário da radicalização e da beligerância, deve ser a celebração pacífica e ordeira das melhores qualidades que marcam a formação da sociedade brasileira, como a pluralidade, a generosidade, a hospitalidade e, principalmente, a tolerância. Por seu simbolismo, seriam mais convenientes discursos e gestos que preguem a harmonia dos três poderes e o equilíbrio entre os entes de Estado, e não reações exaltadas ou interpretações equivocadas do texto constitucional.
É o momento de apaziguar. Não de alimentar delírios e, mesmo veladas, incitações a qualquer tipo de ruptura, violência institucional ou adesões de categorias como as ligadas à segurança, que por suas características, funções, legislações e regulamentos têm de ser fiéis ao Estado democrático de direito e à hierarquia e manter-se afastadas da disputa política. Tentativas reiteradas de demonstrar força muitas vezes apenas desnudam fraqueza”.
Os dois parágrafos acima são do inteligente, oportuno e necessário editorial do grupo de comunicação Gaúcha Zero Hora, do Rio Grande do Sul, publicado na quarta-feira (1º), com o título ‘O 7 de Setembro é de Todos’. Um texto que vem para fazer muita diferença e ao qual se associa a FOLHA DE CAMPO GRANDE, neste momento em que a nação precisa, como nunca, da serenidade e da responsabilidade de seus dirigentes, líderes e, evidentemente, da própria população.
Serenidade e responsabilidade porque, no aflorar dos ânimos a cada dia mais elevados no tom, a estabilidade da democracia passa a ser ameaçada. Os direitos que são essenciais à saúde do regime democrático, como o da liberdade de expressão, de uma ora para outra são transformados em desafios extremos de honra e geram uma espécie de dívida que só se cobra e se paga no litígio, no fuzil, na sublevação feroz de irmãos atacando irmãos.
Se cada um não usar sua serenidade e sua responsabilidade para contaminar o todo, os estragos humanos, institucionais e patrióticos serão de tal impacto que para recompor sua essência e sua vigência serão necessários sabe-se lá quanto tempo ou quantas vidas terão custado.
O que domina a cena brasileira, infelizmente, não é mais um simples debate ou um inofensivo confronto de ideias. O ambiente, queiram ou não, é de incontida disposição para o clímax da beligerância, com ânimos insuflados por verdadeiros irresponsáveis de plantão. Que o povo brasileiro faça prevalecer sua voz, sua vez e sua brasilidade, afastando os destruidores da paz, os negacionistas do entendimento, os apagadores de fogo com gasolina.
É hora de ser o Brasil do raio vívido de amor e esperança que à terra desce, o Brasil cujo penhor de liberdade já se conquistou com o braço forte, o Brasil que deu o seu Grito da Independência para libertar-se de todo jugo, jamais ser dependente de outro País e nem prisioneiro de qualquer escuridão.
Que a união de seu povo liquide o ódio e lance ao esquecimento dos tempos aqueles que o disseminam e o praticam. Que de amor eterno seja o símbolo, para que os brasileiros e brasileiras tenham a paz no futuro alicerçada pelas glórias do passado.