Um bom exemplo de confiança é emprestar a alguém um cheque em branco, com a recomendação de não abusar. Se não houver abuso, então a confiança está preservada. Em caso contrário, o dano será duplo, e às vezes irreparável, pelo desfalque na conta bancária e pela quebra de confiança quase sempre definitiva.
Nas democracias, este é o risco que correm os eleitores quando chega o momento de votar. Até quando conhecem os candidatos, podem cometer enganos, entretanto esta é uma chance infinitamente menor quando não se conhece. Por isto, antes de decidir em quem vai votar, é indispensável saber quem é, quem foi, o que fez e o que não fez o candidato.
Esta escolha precisa ser muito bem feita. No caso das eleições deste ano, os campo-grandenses vão escolher os próximos prefeito (a) e vice, além de 28 vereadores e vereadoras, dando a todos um mandato de quatro anos. É como se emprestassem um talão de cheques em branco para que os eleitos usem até 2028. O problema é que às vezes este uso torna-se abuso, e os donos do cheque só poderão recuperá-lo depois de 48 longos meses.
Por isto é fundamental votar conscientemente. Pesquisar a fundo a vida atual e pregressa daqueles que pedem seu voto. Saber se está fazendo a melhor escolha, mesmo sendo algo difícil, pode ser menos arriscado que dar uma procuração de quatro anos a alguém que amanhã ou depois trairá sua confiança.
O pior é confiar naqueles que já foram ou estão sendo testados e não fazem a lição de casa, desandam em mandatos medíocres ou são arrastados pela sedução das verdinhas esperanças do poder político. Quem acompanha a política local, ou ao menos se interessa pelo que fazem os vereadores e a prefeita, basta desenvolver uma análise crítica, desapaixonada, para aferir se o seu voto valeu a pena ou não.
Em um artigo objetivo e simples que serve de alerta geral, em abril último o “Correio Braziliense” definiu como desviar-se das armadilhas que os maus candidatos montam para quem vai às urnas. Confira:
“O voto consciente, feito com o conhecimento da trajetória e das propostas dos candidatos, é fundamental. A ideia de que os políticos são todos iguais não passa de um enorme equívoco. A verdade é que, em meio às candidaturas, há muitas opções alinhadas aos valores intrínsecos aos cargos. E com a era das redes sociais, o compromisso dos eleitores aumenta”.
O voto é seu e só você, querido eleitor, pode fazer dele o que quiser, valorizá-lo ou não.