Na Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS) o tempo não contava para Francisco Cezário e seus comparsas quando praticavam as mais diversas mutretas, umas sofisticadas, outras grosseiras. É o que revelam as pistas e provas fartas encontradas pelos investigadores do Gaeco que realizaram, a Operação Cartão Vermelho.
Naqueles gloriosos 26 anos de vida de marajá ninguém ficava doente e nem precisava de advogado de defesa. Afinal, reinava no ambiente um ar gostoso e fresquinho de impunidade, soprada pelo protecionismo da “mãe” de tudo, a Confederação Brasileira de Futebol, a famigerada CBF. Havia no pedaço muita saúde, criativas gastanças e, quando necessário, o célebre “dar de ombros” quando alguém cobrava transparência.
Agora que a casa caiu – caiu mesmo? – surgiram as doenças e os advogados de defesa. Doente, é óbvio, precisa ser tratado, até porque o cartola-mor é um homem de idade avançada e precisa de cuidados médicos. Justo. Muito justo, é um ser humano. Mas o cuidado médico não pode ser um freio definitivo para barrar as ações investigativas e nem a marcha dos ritos de julgamento.
Provas abundantes estão aí. Além de documentos contábeis com itens reveladores de fraude, o Gaeco e achou na sede da entidade nada menos que 198 carimbos de hotéis, restaurante e similares de cidades do interior. Eram os comprovantes de despesas com viagens, alimentação e repousos que não existiram. Para “esquentar” a papelada, os carimbos lá estavam, bonitinhos e disponíveis.
Ainda não se sabe exatamente quanto foi desviado da Federação. Fala-se em mais de R$ 7 milhões, porém os investigadores já teriam contabilizado mais de R$ 10 milhões que caíram no propinoduto de Cezário e seus “Babás”.
O pior de tudo isso é que o dito cujo está solto. Tomara que seu tratamento seja 100% bem-sucedido e ele possa gozar saudavelmente de uma velhice tranquila. Nem precisa devolver o dinheiro desviado. Pois, afinal, se ele e os seus gatunaram a CBF, certamente terão uns 100 anos de perdão.