Há quem se pergunte sobre até que ponto confiar em pesquisas de intenção de voto. Tem gente que não acredita e desce o sarrafo nos institutos. Tem gente que solta o foguetório. E tem gente que nem tanto à terra, nem tanto ao mar, dá às costas.
Contudo, manda a boa e infalível aula da vovó, que onde há fumaça, há ou pode haver fogo. Pesquisa é assim mesmo. Nenhuma empresa de pesquisa se aventuraria a fraudar números se não tivesse a expectativa de continuar vendendo seu trabalho, para o qual precisa de credibilidade. Claro que existem as exceções, notadamente nas pequenas paróquias.
Para fazer uma avaliação das recentes amostragens divulgadas, com os devidos registros na Justiça Eleitoral, já se tem uma visualização minimamente fiel sobre cenários atuais e possíveis das disputas sucessórias em níveis estadual e nacional. Entre eleitores que pretendem votar para a presidência da República, as simulações com o petista Lula só vieram confirmar a incrível força popular do ex-presidente, condenado por corrupção e preso há quase cinco meses numa cela de Curitiba.
Sem Lula, quem assume a ponta é o deputado federal e capitão da reserva do Exército Jair Bolsonaro (PSL). Ele mantém essa posição, mas estagnou num andar do qual se aproximam outros três candidatos: Marina Silva (Rede), Geraldo Alckmin (PSDB) e Ciro Gomes (PDT). Com um detalhe sintomático: todo desse trio, em simulações de segundo turno nas pesquisas, levaria vantagem sobre Bolsonaro. Os bolsonaristas não acreditam e garantem que esses índices são mentirosos.
Em âmbito estadual, as pesquisas divulgadas do ano passado até agosto retratam mudanças. O juiz federal aposentado Odilon de Oliveira começou com ampla vantagem e nos últimos meses começou a perder terreno. Chegou até a ser superado em uma dessas amostragens pelo ex-governador André Puccinelli (MDB), que não é mais candidato e está feito Lula, preso por denúncia de corrupção.
Sem Puccinelli, quem avançou mais foi o governador tucano Reinaldo Azambuja, candidato à reeleição. Ele começou em terceiro, atrás de Odilon e Puccinelli. Assumiu a segunda posição numa das pesquisas e na mais recente, em uma das simulações, já estava empatado tecnicamente nas primeiras posições. Quando esta edição foi fechada, ainda não havia sido divulgada uma pesquisa do Ibope supostamente com números de Mato Grosso do Sul.
Porém, o que vale nesta análise, sem paixão alguma, é constatar que quem briga com a realidade atira contra o próprio pé. Pesquisas são úteis e providenciais, no mínimo, para que os estrategistas de campanha ajustem rumos, adotem novas estratégias e tenham a humildade de entender que política é um jogo de alternativas e que o eleitor tem os seus momentos para decidir. Ignorar isso é render-se à vocação da derrota antecipada, porque ninguém come o ovo antes de a galinha botar.
Quem ontem bravateava o sonho da vitória na véspera, agora está acordando num dia seguinte de pesadelo. Devagar com o andor que o santo é de barro.
GERALDO SILVA