Chega a quase R$ 180 milhões o total de investimentos que o governo de Mato Grosso do Sul reservou para garantir a execução do “MS Cultural”. Sua programação prevê a realização de ao menos uma centena de eventos, com cinco mil artistas, e a recuperação física e alegórica de equipamentos e espaços de uso cultural e importância artística e histórica.
Parece grande este cenário de milhões, atrações e profissionais da arte. Mas não é. É pequeno, muito pequeno, diante da grandiosidade do que esta iniciativa vai acender nos ambientes humanos, geosociais e geoeconômicos de Mato Grosso do Sul. O maior investimento do governo é apostar, sem receio, na ressignificação dos papeís do publico e do particular nas ações criativas da arte.
Quando a programação anual for encerrada e os artistas retornarem ao camarim ou aos seus lugares de descanso, tudo aquilo que produziram estará vivo, continuará respirando. A dona Joana continuará fazendo seu ensopado de bagres e pacus com segredos culinários nem tão ocultos; o seu Sebastião fabricando a viola de cocho; o Pedrinho e a Soninha costurando a fantasia para a próxima Festa do Touro Candil.
Enfim, homens e mulheres de todas as idades estarão dando sequência ao que sempre fizeram, com algumas diferenças: sua autoestima renovada, seu quintal de moradia promovido e seu talento artístico-cultural valorizado. É este o patrimônio físico, moral, social e econômico que o Estado ganha e conserva, a partir do momento em que o Estado se compromete a não querer adonar-se da arte e da cultura, a não repetir o que outros fizeram e fazem ao sequestrarem para seu uso político bens tão universais e despojados.
Algumas mudanças e inovações que vêm sendo operadas na gestão sul-mato-grossense precisam ser vistas com melhor atenção, sopesadas e reforçadas em suas reais dimensões, e não medidas somente pelos efeitos imediatistas, mas pelo que estão parindo. A geração de empregos, abertura de horizontes a vários segmentos empreendedores, divulgação de cidades, aquecimento do turismo – são tantos ganhos agregados nesta engrenagem que gira com o impulso da cultura e das artes.
Vale frisar que diversos personagens do campo governamental atuam como fatores decisivos nesta dinâmica. Porém, há que ser ressaltado um de seus capítulos diferenciados, que está na forma e no conteúdo das ações do secretário de Turismo, Esporte e Cultura, Marcelo Miranda. Ele vem a ser tão protagonista desta realidade como são protagonistas os artistas que dão o espetáculo nos palcos e os artistas que costuram, bordam, fincam estacas, estendem a lona, carregam escadas, instalam os fios, lavam, passam, sonham e cozinham.
São os mestres e mestras da arte, da gestão e da cultura universal. É a gente que conhece os segredos e entende dos temperos que estão colocando Mato Grosso do Sul num palco em que peças fictícias se somam à história real de um Estado que, no presente, abraça o futuro com as bênçãos do passado.