Embora tenha quem conteste e ainda critique por achar que se trata de paternalismo ou coisa parecida, os programas de transferência de renda, desde que sejam emancipistas e contemplem as necessidades imediatas e inadiáveis, constituem importantes recursos de inclusão humana. É fácil criticar, sobretudo quando se está fora ou distante dos problemas da fome, do frio, das doenças, do desemprego, da situação de rua, do preconceito.
Estes problemas sociais e econômicos, causados pela desigualdade que se nutre da concentração ou da má distribuição de riquezas, não têm sua cura garantida pelas intervenções emergenciais, partam da iniciativa individual ou do poder público. Contudo, como as próprias classificações já indicam, são ações urgentíssimas, de emergência, de pronto socorro, para assistências que não esperam o dia seguinte.
Fome faz adoecer, mata. Assim como fazem o frio glacial e a falta de oportunidades nos lares, nos corpos e nas esperanças de quem não tem sua casa, seu cobertor, seu emprego e a merecida tranquilidade, um direito ausente para quem ouve o filho chorar com a barriga vazia. Não há como, nem porque esperar. É preciso ser ágil, atencioso, solidário, humano.
Foi assim em Mato Grosso do Sul quando desabou sobre milhares de pessoas o peso cruel das crises econômicas e dos impactos sociais causados pela Covid-19. E, com certeza, muita gente teria sucumbido se não fosse a providencial intervenção do governo estadual. Além do Vale Renda, que já abastecia as panelas das famílias na faixa da extrema vulnerabilidade, os governos de Reinaldo Azambuja e Eduardo Riedel acrescentaram não só um, mas vários programas de caráter emergencial para outros segmentos.
São ações efetivas que salvam não apenas o estômago e a mente, mas também a esperança e a confiança no futuro para quem já as havia perdido. O Estado se destacou no País por suas iniciativas humanistas. Uma delas é o programa de transferência de renda ‘Cuidar de Quem Cuida’, que atende 814 famílias e pode dar cobertura a mais 1.186 pessoas, repassando por mês R$ 900,00 aos cuidadores em tempo integral de pessoa com deficiência em grau de dependência 2 ou 3.
O ‘Programa Voucher Transportador’ garante qualificação gratuita para motoristas de carga e ônibus. Eles têm treinamento especializado e a oportunidade de adicionar as categorias “D” e “E” em suas habilitações, sem custos adicionais. Foram convocados mais de 3.600 candidatos dos 7.300 inscritos no ano passado. Isto significa atender uma grande demanda de vagas para profissionais que vão diminuir as taxas de desemprego e assegurar o sustento digno da família.
Sinceros ou inevitáveis os tapinhas nas costas distribuídos por candidatos durante as campanhas eleitorais, melhores são os abraços dados sem segundas intenções por programas como estes aqui citados. É, sim, um socorro, que logo deixará de ser necessário, quando o emprego bater à porta destas casas. Enquanto esse momento não chega, quem tinha a panela vazia e o filho chorando de fome agradece a Deus e ao poder público por não se omitir e passar ao largo de quem critica com a barriga cheia.