A dor e o desespero nos rostos, nos corações e nos pensamentos dos libaneses que foram surpreendidos terça-feira passada com devastadoras explosões impactaram o planeta. Cada vítima, entre mais de uma centena de mortos e cerca de cinco mil feridos, é a brutal consequência de um mundo em que as pessoas, os animais, as plantas e águas, enfim, as verdadeiras riquezas, são desconsideradas diante dos objetivos da desmedida ambição, do lucro financeiro, do “ter” patrimonial que pisa sobre o “ser” existencial.
Explosões acidentais ou provocadas, catástrofes por negligência ou em resultado de guerras, são formas distintas de terrorismo. Sabe-se que a explosão devastadora de Beirute ocorreu em um armazém portuário, ocasionada por 2.750 toneladas de nitrato de amônio. O produto químico é utilizado no fabrico de fertilizantes e inseticidas. A explosão deixou o País com menos de um mês em reservas de grãos, à exceção da farinha.
Com isso, o Líbano precisará de reservas para pelo menos três meses, a fim de garantir a segurança alimentar. A economia já estava desabando antes do incidente, com importações de grãos desacelerando, à medida que o país enfrentava dificuldades para obter moeda forte para as compras.
Mas o que é que essas coisas tão impactantes do outro lado dos oceanos teriam a ver com o Brasil?
Esta pergunta é fácil de ser respondida por quem entender o mundo como uma engrenagem que gira numa dinâmica internacional, cujas peças são os países e suas unidades federativas que se movimentam de acordo com os interesses, possibilidades, decisões, comportamentos e sonhos das pessoas que as compõem.
Assim, se foi uma negligência ou um atentado que causou a explosão libanesa, o gatilho é o ser humano. De sua desatenção, de sua incompetência ou do jeito que emprega para atender os seus interesses nasceu o impulso que detonou a bomba.
É fundamental que os governantes e lideranças planetárias atentem para os reais e emergentes desafios da convivência. É imperioso que a Ciência esteja a serviço efetiva e verdadeiramente do bem-estar coletivo, das aspirações saudáveis de todos os povos e nações, das causas que importam ao que o Criador preconizou a Seus filhos: amai-vos uns aos outros como eu vos amei. E um amar ao outro equivale a recomendar que um cuide do ouro e outro cuide de um.
Não é preciso viver no Oriente Médio ou em outro continente para saber que as ameaças ao Homem e à própria Terra circulam conosco, ao nosso lado, no cotidiano de cada pessoa que em casa ou na rua produz algum serviço, bem ou desejo que cedo ou tarde irá interferir na vida do próximo.
Um cigarro aceso que é atirado na mata, um saco plástico despejado na lagoa, um gole de bebida alcoólica ingerido antes de dirigir um carro, uma frase agressiva ou mal-educada dirigida a um desafeto, qualquer descuido, qualquer desatenção, qualquer atitude impensada ou corrosiva será um estopim de efeitos tão drásticos e destrutivos quanto o dos elementos químicos que fizeram parte da capital libanesa ir pelos ares.
Que a inteligente e sugestiva reflexão de Augusto Cury sirva a todos de espelho para que nele reflitamos nossas atitudes:
“Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, porém eu não esqueço que minha vida é a maior empresa do mundo. Eu posso evitar que ela vá à falência. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar autor da própria história. É atravessar os desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo”.