A perversa ditadura do monetarismo é enfrentada à altura, com paciência e determinação
Nesta quarta-feira (21), o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC) do Brasil, fez um anúncio esperado e manteve a taxa básica de juros em 13,75% ao ano. Foi a sétima vez consecutiva que o BC deu esta sobrevida ao patamar criminoso dessa taxa, que a pretexto de segurar o pique inflacionário acaba acentuando ainda mais a concentração de renda nas mãos de poucos e impedindo a grande maioria da população de crescer econômica e socialmente.
Contudo, os especialistas já avaliam que o presidente do BC, Campos Neto, cujo mandato vai até fins de 2024, não segura mais esta onda indecente de juros com a taxa de dois dígitos. Os sinais de mudança estão mais nítidos a cada dia – ou a cada medida pontual do presidente Lula para mexer, pouco a pouco, na estrutura de aperto monetário montada no governo Bolsonaro pelo ministro Paulo Guedes, um soldado cativo do rentismo e das grandes corporações financeiras.
A cruzada presidencial iniciada desde o primeiro dia de mandato, em janeiro deste ano, não é um ataque tendo como alvo específico o presidente do BC ou o governo que o agasalhou. O ataque é à política monetarista que, contraditória, usa discurso agressivo para responsabilizar o governo pelos gastos públicos como trampolins da inflação e adota práticas extorsivas e quase sempre são socorridas pelo próprio governo quando sofrem com os fenômenos causadores da descapitalização.
Felizmente, a perversa ditadura do monetarismo é enfrentada à altura, com paciência e determinação. Pontualmente, os avanços se sucedem. O Indicador de Atividade do Comércio da Serasa Experian registrou em maio o primeiro percentual positivo de 2023: na comparação com o mês anterior, as vendas do varejo físico brasileiro cresceram 0,5%, um aumento tímido, mas que acontece depois de quatro quedas consecutivas no ano.
O índice mostrou também que o setor “Tecidos, Vestuário, Calçados e Acessórios” apresentou a maior alta: 2,9%. Em sequência, o segmento de “Veículos, Motos e Peças”, com crescimento de 2,0%. E tem mais notícia boa: no ramo automobilístico, as vendas de automóveis e comerciais leves cresceram 9,65% em maio na comparação com abril. Nas vendas totais do setor, incluídos ônibus, caminhões, motocicletas e implementos rodoviários, o crescimento foi de 20,35% nos emplacamentos em maio frente a abril e de 5,6% entre maio de 2022 e 2023.
Se continuar assim, na onda verdadeira do bem, juro não vai fazer falta, nem pro homem e muito menos pra Deus.