Está coberto de razão o governador Eduardo Riedel quando se diz favorável à intenção do presidente Lula de concretizar a reforma tributária, tão sonhada, mas com a ressalva: precisa ser justa e ter a conceituação do princípio federativo em que as condições gerais de participação na receita não sejam desiguais para os estados.
Riedel lembra que governa um Estado que vem acumulando há cerca de oito anos prejuízos substanciais na sua receita, e isto tanto no volume arrecadado quanto na capacidade de gerar contribuições tributárias em consequência do crescimento. Calcula-se que só com o ICMS, em virtude das medidas emergenciais sociais, Mato Grosso do Sul já perdeu cerca de R$ 2,1 bilhões.
No entanto, é necessário assinalar que o governador de Mato Grosso do Sul não fala apenas por seu Estado, e sim pelos demais entes federados.
Todos, sem exceção, receberam de Lula, no início de seu governo, a promessa de investimento em pelo menos quatro dos projetos de maior importância para cada um.
É muito bom saber disso. Porém, não é o suficiente, mesmo considerando que a gestão federal está com apenas três meses de duração. Os estados não podem mais ser apenados pela injusta e irregular partilha de receitas e compensações. Esta pena atinge, e duramente, os municípios, que sofrem as consequências amargas do centralismo arrecadatório da União.
Mato Grosso do Sul põe a sua voz para ser ouvida, ecoada e fortalecida pelas demais unidades federativas. O governante mostra que está consciente e seguro de sua responsabilidade. Faz a leitura adequada do momento. E procura garantir para o estado que está governando os mesmos direitos e cenários de progresso desejados pelos demais colegas.
É assim que se edifica o futuro, colocando hoje um tijolo sobre o outro. Se Lula ouvir os reclames de Riedel e atendê-los, na prática, estará fazendo a lição de casa. O Brasil precisa disso.