Todo dia tem condutores matando ou morrendo por causa da estupidez turbinada pela insensatez
Não é de hoje que em Campo Grande alguns serviços, com ou sem concessão do poder público, são prestados de maneira irresponsável. Para exemplificar: as entregas de produtos em domicílio (delivery), com o uso de motocicletas, e o transporte de passageiros por aplicativos.
Desde a falta de educação com os usuários e clientes até os abusos de velocidade e “gracinhas” temerárias ao volante constam deste triste cenário – triste, vergonhoso e criminoso, pois há pessoas sofrendo diversos prejuízos: financeiros, sociais e de saúde. Há mortos e feridos nesta conta, que parece não incomodar as autoridades.
Prestar queixa é malhar em ferro frio, segundo avaliação de gente que se conforma em reclamar com amigos e vizinhos, mas fica nisso. Entretanto, silenciar é omissão. E os omissos também cometem um pecado semelhante àquele que condena. Por isto, é necessário que cada cidadão e cada cidadã abram a boca, denunciem, cobrem, exijam respeito, pois estão pagando por serviços que deveriam ser prestados com responsabilidade e respeito.
Há condutores de aplicativos que por não serem taxistas profissionais tratam o cliente e a corrida de qualquer jeito. Estão sempre apressadíssimos para largar um e pegar outro, não importa como. Muitas vezes não esperam o mínimo de tempo e deixam quem chamou a ver navios. Nisto as empresas contratantes são corresponsáveis.
No caso das moto-entregas o panorama é bem mais grave. Geralmente à noite é mais fácil cruzar com alucinados condutores atravessando sinais, driblando perigosamente os veículos e elevando decibéis às alturas com os motores preparados para fazer barulho e roncar grosso. Não bastasse, ainda há os “artistas” do trecho, fazendo piruetas, zerinhos e outras manobras que põem a integridade física ou a própria vida de terceiros em risco.
Nestas práticas danosas os contratadores – ou contratantes? – também são corresponsáveis. Na verdade, muitos até incentivam os entregadores a fazer o serviço com a maior rapidez possível para garantir pontualidade. E aí a agilidade passa a ser pressa, a pressa vira loucura, e os loucos então fazem das ruas suas pistas de corrida ou de exibição de malabarismo.
Mortos e feridos se multiplicam nesta trágica ciranda que fantasiam de eficiência ou rapidez. Todo dia tem condutores matando ou morrendo por causa da estupidez turbinada pelo açodamento e pela insensatez. A continuar assim, o progresso desta cidade jamais será humanizado. Ganha quem chegar primeiro, doa a quem doer. E está doendo muito para quem perdeu uma perna ou ficou órfão.