O mundo já não olha o Brasil do jeito que olhou nos últimos quatro anos. Era, neste triste período, um olhar de galhofa, perplexidade, descrédito, indignação e outros adjetivos capazes de indicar que o País não poderia ser levado a sério nas relações com outras nações.
Afinal, como levar a sério uma nação que não consegue relacionar-se com outras porque o seu dirigente maior seguia caminhos ideologicamente estreitos e escuros? Era um Brasil que trilhava caminhos pontuados pelas preferências e discriminações ditadas por um pensamento sem qualquer compromisso de convivência diplomática que não fosse aquele de acordo com a filosofia do mandarim de plantão.
Não há como negar esta realidade que o governo de Jair Bolsonaro deixou entre os frutos malditos de sua herança. Não só no absurdo, tosco e criminoso desprezo à vida brasileira durante a pandemia de Covid-19. Em todas as quadraturas que implicavam o contexto local nas relações com o mundo, era um Brasil atrasado, sem estadismo, incapaz de gerir negócios diplomáticos com a responsabilidade universalista de convivência.
De 2019 a 2022 parece que o planeta, no atlas bolsonarista, resumia-se aos EUA do imperialismo à la Donald Trump ou a Arábia Saudita sob a tutela monárquica e perversa do rei Salman bin Abdulaziz al-Saud. O chefe da nação brasileira desconhecia, ofendia, ignorava e despejava toda sorte de maledicências contra países vetados por sua grosseira tipologia filosófica.
Foram quatro anos de quase total e absoluto isolamento brasileiro na convivência com o restante do planeta. Tanto é que pouquíssimos chefes de Estado visitaram o solo verde-amarelo ou sequer fizeram questão de receber seu presidente. Um presidente que deu o Ministério das Relações Exteriores a um ministro de relações inferiores, vezeiro nas agressões aos países que não lhe cabiam no alforje ideológico.
Bem, parece que esta página cinzenta e vexaminosa passou e está, aos poucos, sendo sepultada. Seja qual for o resultado prático do novo governo, sejam quais forem seus erros e o tamanho de cada um, a verdade é que, com Lula, já se pode respirar um ambiente arejado nos corredores plurilaterais. O Brasil retoma seu protagonismo, visto e respeitado não apenas como oitava economia planetária, porém como um País que tem a capacidade de dialogar, ouvir e falar com todas as outras nações, sejam potências ou não.
Em menos de dois meses, o governo já travou entendimentos com mais de uma dezena de países, encaminhou e concretizou soluções, como o aporte de recursos para o Fundo Amazônia. Trata-se de uma contribuição maiúscula para tirar os prejuízos da ação predatória do bolsonarismo na região, responsável pela tragédia dos yanomami ao fomentar atividades que causaram a contaminação dos rios pelo garimpo, o desmatamento e a pesca predatória.
O Brasil conversa com o mundo. É outro Brasil. Aquele, de 2019 a 2022, está sendo varrido pelos fatos para o lixo da história.