Ainda é cedo para saber ou afirmar, com plena e absoluta convicção, o que as urnas reservam aos 29 vereadores de Campo Grande. Porém, já é certo e corrente nos abandonados bairros que a má gestão do município e o mau desempenho destes mandatos, acumpliciados, compartilham graciosa e escandalosamente a precariedade dos serviços públicos que estão sob suas responsabilidades.
Quem vai ser reeleito e quem não vai? É difícil responder agora quantos e quais. Porém, uma certeza que vem crescendo aqui, ali e acolá, do Nova Lima à Coophavilla, das Moreninhas ao Jardim Seminário, é que a maioria dos nobres parlamentares terá muitas dificuldades para continuar merecendo a confiança dos eleitores por mais quatro anos. Até mesmo eles, no pé-de-ouvido com o travesseiro, sabem dos estragos que praticam a torto e a direito, prevaricando gravemente ao sufocar, sem sequer corar o rosto, a obrigação de fiscalizar o Executivo.
A pesquisa do Instituto Ranking Brasil publicada nesta semana, com o placar das intenções de voto, revela um pouquinho da real dimensão do desgaste dos nobres parlamentares. O resultado é uma fotografia reveladora sobre o moral e o prestígio destas excelências. Dos 29, o melhor pontuado não tem 1,5% das intenções de voto. Outros estão na rabeira do ranking. E o mais instigante: a principal régua que fez esta medida é o olhar do povo para o desempenho de cada mandato.
A maciça rejeição popular aos vereadores, exceto as exceções de praxe, vai desaguar nas urnas. É a resposta natural àqueles “representantes” do povo que depois de eleitos passaram a representar quem explora, judia e humilha o povo que os elegeu. Legislativo que não fiscaliza o Executivo é cúmplice dos malfeitos de gestão, que em Campo Grande tem dois agentes: um que entrou em 2017 e saiu em 22 e outra que o substituiu. Para que tudo ficasse como antes – ou pior.
Reeleição é para quem merece. Para quem cumpre a sua obrigação e não vende ao explorador o apoio que teve do explorado para defendê-lo. O mandato deveria ser sagrado, mas tornou-se objeto de barganha. Vereador que anoiteceu amaldiçoando a gestora da cidade e amanheceu abençoando-a vai pedir voto para quem ele acha que está cego, surdo e mudo. Vereador que faz discurso bonito contra a corrupção e a incompetência, apregoando a ética e a competência, vira o disco ao sabor dos ventos tentadores do poder de uma prefeitura que é a mais rica do Estado.
Nesta sexta-feira, 12, a Câmara fará audiência publica para discutir o transporte coletivo. Agora? Levaram mais de sete anos para descobrir que os ônibus têm goteiras, não possuem ar condicionado, faltam pontos com cobertura, os veículos atolam nas ruas dos bairros, o preço da tarifa é proibitivo e ainda vai aumentar. O que farão contra empresas altamente lucrativas que apoiam seus mandatos? O que farão contra uma gestora que não tem sensibilidade nem capacidade de garantir ao povo um transporte coletivo decente e barato?
Que as urnas de outubro respondam.