Pré-candidaturas podem ser produtos de consumo no reino da fantasia para muitos
Os famosos contos da Carochinha que tanto encantaram as crianças no mundo inteiro traziam geralmente um desfecho previsível, com final feliz no reino, o príncipe se casando com a princesa e “felizes para sempre”. Esta bela fantasia que adoçou as quimeras infantis tem a sua versão maldita, o Lado B do sonho e da felicidade.
A ilusão da Carochinha ilustra, por analogia, revezes que na política são causados pelos castigos a quem se deixa trair pelas próprias ambições, tentando posar como se fossem reis e rainhas querendo dirigir o reino antes da coroação. Pré-candidaturas, portanto, podem ser produtos de consumo no reino da fantasia para muitos.
Tais comparações se encaixam na pesquisa da Ranking sobre como estão no imaginário popular os possíveis concorrentes à Prefeitura de Campo Grande. Bem fez o instituto ao explorar esta sondagem, tendo em vista o interesse despertado pelo desastre político e administrativo do ex-prefeito Marquinhos Trad.
A prefeitura hoje é o grande objeto de desejo de mais de uma dezena de aspirantes ao poder máximo da Capital. E isto levando em conta o papel elogiável da prefeita que substituiu Marquinhos e se desdobra para colocar a casa em ordem, mesmo em situação das mais caóticas. Ela, a persistir nesta dinâmica de reconstrução, poderá brigar pela reeleição.
A prefeita pode ser incluída entre as opções de renovação, ao lado de outros nomes, mas todos minoria nesse quesito. De acordo com a Ranking, as intenções de voto estariam hoje dominadas pelos useiros e vezeiros em largadas fulminantes, mas tropeçando na reta final. De mamando a caducando, algumas escolhas já desgastadas estariam provando seus derradeiros sabores de prestígio.
Nestas avaliações, e sem citar nomes, é fundamental considerar que ainda faltam cerca de 18 meses para as eleições. Não é apenas muito cedo, é também temerário a partidos ou pretendentes lançar seus nomes e antecipar um debate que poderá significar o lucro de uns e a fritura de outros.
Não se pode esquecer que os eleitores estão mais atentos. Nada mais escapa à sociedade e às redes sociais. O povo de olho, sobretudo nos que desviam e desperdiçam dinheiro, nos que traem seus compromissos. Num momento, até podem gozar de relativos impulsos nas pesquisas. Porém, isso é fugaz.
Por isto mesmo, é oportuno recorrer ao comparativo com os contos da Carochinha e conhecer a etimologia da palavra, que deriva de carocha. O dicionário ensina: carocha pode ser a mitra que condenados pela Inquisição levavam na cabeça, ao serem conduzidos para o suplício, ou a carapuça de papel posta na cabeça das crianças como castigo dos professores.
Quem se habilita?