No centro da principal polêmica da semana em Mato Grosso do Sul estão duas pessoas com históricos de vida que precisam ser conferidos por qualquer interessado. Essa conferência é essencial para servir de referência a quem esteja movido pelo propósito de achar respostas e conteúdos para uma análise racional, desapaixonada, fiel, de crédito para si e para os outros.
Uma dessas pessoas é um dos mais poderosos empresários do planeta, o Sr Wesley Batista, sócio-proprietário da JBS, o conglomerado tentacular que domina o mercado mundial de carnes e subprodutos de origem animal. A outra pessoa é um político e empreendedor, o chefe do Executivo de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja. Em delação premiada que acertou com o Ministério Público Federal e o STF, Wesley procurou envolver o governador entre as autoridades investigadas pela Operação Lava Jato em casos de propina.
A quem acusa cabe o ônus da prova. Wesley fez a delação acusatória e em relação ao governador sul-mato-grossense não apresentou prova alguma. Foram apenas suas palavras. E são palavras de um empresário que, desonrando a marca de dignidade deixada pelos próprios pais quando fundaram a empresa, cedeu à desmedida ambição e não economizou meios e nem escrúpulos para expandi-la mediante todo tipo de recursos, sobretudo o mais sórdidos, como o pagamento de propinas, violações do sistema financeiro, especulação e outros crimes de extrema gravidade.
Enquanto delata e aufere o prêmio da quase total impunidade – já que foi beneficiado com a liberdade para responder ao processo, o direito de morar fora do País na avenida mais cara do planeta e pagar uma multinha irrisória -, Wesley acredita que assistirá, de camarote, ao desconforto, à dúvida e à aflição de pessoas que incluiu criminosa e injustamente em seu saco de maldades.
Todavia, o que o fundador do propinoduto-mor da República não se dá conta é que seu camarote tem alicerces frágeis e sujos, enfiados num profundo lamaçal de desonra. De onde estão, os criminosos confessos da JBS não se sustentam nem na palavra e nem nos atos corrosivos da moral, especialmente quando investem na direção de pessoas como Reinaldo Azambuja, que estão no lado oposto de suas deformidades éticas.
Político por compromisso de ideais, produtor rural de vocação familiar e profissão, o governador Reinaldo Azambuja não precisa de acordo algum ou de incentivos para fazer a sua defesa. Sua vida está escancarada desde que assumiu a responsabilidade de administrar os negócios da família, a herança dos pais. Na política, a ficha é mais escancarada ainda. É uma ficha limpa.
Prefeito de Maracaju por oito anos, deputado estadual, deputado federal e agora governador, em mais de 20 anos na vida pública não há uma restrição sequer em nenhum órgão de controle, de fiscalização ou de repressão que possa sugerir qualquer suspeita sobre Reinaldo Azambuja. Seus próprios adversários reconhecem sua dimensão ética, humana e responsável. Mais que os documentos fiscais, contábeis e cartoriais disponíveis, seus atos são suficientes para responder a quem, eventualmente, tenha dado ouvidos ao delator.
Por isso, fundamental é avaliar a polêmica com duas perguntas básicas sobre o crédito e o caráter de cada um: quem é o delator premiado Wesley Batista e quem é o governador Reinaldo Azambuja? Ficha a ficha, é só fazer a acareação.
GERALDO SILVA