Primeira mulher que saiu das urnas para administrar Campo Grande, a prefeita Adriane Lopes bem que vem tentando demonstrar que nada teve ou tem a ver com os casos e descasos de Marquinhos Trad. É válida a tentativa, porém inócua. Estão muitos evidentes os usos e, principalmente, os abusos cometidos ou apadrinhados pela dupla eleita em 2016 e reeleita em 2020.
A prefeita assumiu prometendo fazer a diferença. Infelizmente, não consegue desgarrar-se da aconchegante freguesia liderada por Marquinhos. Seus ciclos se assemelham. Praticam os mesmos equívocos, igualam-se no desprezo pela transparência e procuram, a todo tempo, aplicar um verniz ou dourar a pílula nos desastres gerenciais, políticos e éticos que marcam suas trajetórias.
A herança de malfeitos deixada por um é preservada por outro. Se ontem era o Proinc empregando e pagando com dinheiro público futuros eleitores do ex-candidato a governador, hoje é a folha secreta amamentando apaniguados nas gordas tetas do erário. Em matéria de descalabros, há de quase tudo um pouco – ou muito.
A atual gestão não consegue dar respostas efetivas a problemas de todo tipo. E se não logra êxito no enfrentamento dos mais complexos, então nem pensar em algo diferente nos mais prosaicos. Aí estão, só para citar alguns exemplos, o ato de improbidade ao violar a lei que manda pagar um adicional trabalhista à guarda municipal e a direção perigosa que faz do transporte coletivo um veículo desgovernado atropelando os usuários.
O caso da folha secreta para fazer pagamentos às escondidas e driblar a vigilância do portal da transparência, cheira – para não usar outro adjetivo – coisa proibida, ou é uma acachapante confissão de temor à claridade. Não falta coisa pior. E agora se noticia que será nomeado adjunto na Saúde um servidor que era lotado em prefeitura de cidade vizinha e também tinha um holerite aqui, além de ser esposo de uma assessora de alto escalão, do seleto grupo de “amiguinhos” e agentes políticos da gestora.
Não é por ser mulher. É por não ter vocação para governar. É por desconhecer o ofício. O gênero nada tem a ver com capacidade, ética, inteligência. Seja do sexo que for, seja da orientação que tiver, para cuidar de uma cidade é preciso ter capacidade de gestão e gerenciamento. Só isso.