Os caminhoneiros entraram no quarto dia de manifestações contra o preço elevado dos combustíveis. A greve só será suspensa com a publicação no Diário Oficial da decisão do governo de zerar a alíquota das contribuições PIS/Cofins e Cide para o diesel. Os representantes da classe decidiram, na quarta-feira (23), manter a greve que obstrui estradas em ao menos 11 estados brasileiros.
A paralisação tem provocado desabastecimento de combustíveis e de alimentos em diversos estados. Em São Paulo, 40% dos ônibus municipais pararam na última quinta-feira por falta de diesel. Também há problemas de desabastecimento em vários estados do país. A elevação no preço do diesel é o principal motivo que leva os caminhoneiros a interromperem o trânsito nas rodovias. Entre os desdobramentos da paralisação nas estradas do país estão ameaças ao abastecimento em indústrias, no varejo, em distribuidoras de combustíveis e entrepostos de alimentos.
Para fazer um comparativo, dados oficiais indicam que durante os 14 anos dos governos de Lula e Dilma os combustíveis tiveram majoração de 60%, enquanto em um ano do desgoverno Temer chega à casa dos 50%.
Antes de qualquer coisa, é preciso lembrar que o governo que prometeu moralizar as contas públicas do país já havia previsto um rombo nos cofres do Estado para este ano no valor de R$ 139 bilhões. O déficit extra foi imposto pela dura realidade dos fatos: absolutamente nenhuma medida econômica tomada pelo governo surtiu efeito prático no mercado.
Baseado numa previsão estapafúrdia de que o Brasil cresceria 1% no PIB este ano, os cálculos de arrecadação de impostos tiveram que ser completamente refeitos. Num cenário econômico em que o desemprego não cede, aumenta-se o número de famílias endividadas e a confiança do consumidor simplesmente desaparece, não restou outro caminho senão reduzir essa previsão para 0,5%, a metade.
A União se faz ausente na hora de prestar à população os mais básicos serviços públicos como saúde, educação, segurança e saneamento. É nesta parte que o governo foi especialmente impiedoso. Dos R$ 58,2 bilhões do déficit extra, R$ 42,1 bilhões serão custeados exclusivamente com o abandono estatal.
Isso quer dizer que estamos na maior depressão da história econômica, maior do que a dos anos 30, do século 20. E, num cenário como esse, o investimento público tem que substituir o privado, porque o investimento privado é feito com base em expectativas do mercado. E numa depressão, as expectativas são muito negativas e pessimistas.
O governo anunciou na segunda-feira (21) o fim do Fundo Soberano do Brasil, que deveria ajudar o país em crises com o dólar, e vai usar o dinheiro para pagar suas próprias despesas. Isso é reflexo de um governo que está desesperado e raspando o tacho de suas reservas para pagar dívidas e apagar um incêndio nas contas públicas.
A política econômica de Meirelles e do governo Michel Temer está naufragando. O governo não tem legitimidade política. Temer e o PMDB mostraram que não têm competência, como ficou claro para a população. É bom lembrar que Temer tem a pior avaliação desde a redemocratização do país. Somente 5% dos entrevistados consideram a gestão ótima ou boa.
De acordo com dados do Banco Central, as contas do setor público acumulam déficit primário de R$ 167 bilhões nos 12 meses até junho de 2017, o que equivale a 2,6% do Produto Interno Bruto (PIB). É um parafuso em espiral negativa sem fim.
O legado do governo peemedebista será lembrado como uma era de desastre econômico e, com somente 6% de aprovação, o presidente não será candidato a reeleição, já jogou a batata quente nas mãos do algoz da economia, seu candidato a presidência Henrique Meireles.
Qual será a justificativa que o PMDB tirará da cartola para convencer o eleitorado nas próximas eleições a votar em seus candidatos?
GERALDO SILVA