Na semana passada, a confusão no atendimento para duas mulheres com mesmo nome num posto de saúde da Vila Almeida poderia ter causado problemas muito graves para uma delas ou ambas. Eram duas Evas, duas idosas, uma precisando de atendimento de emergência e outra de assistência convencional. Felizmente, apesar da confusão e da medicação dada por engano, nenhuma delas sofreu danos maiores na saúde.
Em janeiro, parte de um calçamento que já estava pronto no centro da cidade teve que ser desfeita e refeita de novo porque foi esquecida uma intervenção prevista no projeto: o piso tátil, para a circulação de pessoas com deficiência visual. O preocupante é que estas perigosas trapalhadas não são ocorrências isoladas no leque de atendimentos defeituosos, deficitários ou mesmo inexistentes nos serviços públicos que são de responsabilidade da Prefeitura.
O que vem sendo malfeito e o que não se faz deixam a administração do prefeito Marquinhos Trad encurralada pelo próprio palanque de campanha, de onde despejou, à farta, promessas de que faria uma gestão inesquecível, diferenciada por itens como eficiência, transparência, agilidade, capacidade e resolutividade. O palanque foi de onde o candidato conseguia convencer a população de que a faria esquecer, em pouco tempo, dos desastres gerenciais do governo anterior.
Ainda que não se ponham em dúvida as boas intenções do prefeito e se dê a ele mais um tempo para corresponder ao voto de confiança, cumpre registrar que já lá se foi mais da metade do mandato. Resta um tempo cada vez menor para que aquele solene juramento de palanque não seja atirado ao lixo pelas pessoas a quem fez tais promessas.
Discurso tem solução miraculosa para tudo. Ou quase tudo. Porque esse tipo de discurso de salvador da pátria só não tem solução para curar a dor causada pelo choque da realidade. E a realidade não é nada generosa com uma administração que se estreita nas limitações de interesses menores, caprichos, picuinhas domésticas e, o pior, da falta de formulação gerencial eficaz.
O quadro de desempenhos da administração municipal só não ficou caótico graças ao socorro providencial trazido pelo governo estadual. O prefeito, a propósito, não deve estar confortável sabendo que vai buscar a reeleição ouvindo aqui e ali que a capital do Estado tem dois prefeitos, ele e o governador Reinaldo Azambuja. Nestes quase 26 meses de gestão, foram os recursos, os projetos e as intervenções do governador e de Brasília que garantiram os principais investimentos na cidade.
Promessa de palanque é implacável. Ou se cumpre ou não se promete. Não há meio termo. Ainda restam 22 meses para o prefeito se garantir. Pode ser que seja um tempo suficiente. Pode ser, desde que não se continue do jeito que está. A menos que o prefeito considere que está bom do jeito que está, fazendo o povo sentir saudades do Bernal.
GERALDO SILVA