Desta semana até a primeira semana de janeiro, em exatamente 30 dias, o governo de Mato Grosso do Sul terá desembolsado mais de R$ 1 bilhão e 400 milhões para pagamento das folhas de novembro, de dezembro e do 13º salário. Calcula-se que os mais de 75 mil servidores ativos, aposentados e pensionistas representem em torno de 380 mil a 400 mil pessoas de seu círculo familiar.
À parte os cálculos matemáticos, faz-se necessário analisar as razões pelas quais esse montante bilionário de remunerações cumpre um papel vital, imprescindível, de total necessidade para uma população que se aproxima das três milhões de habitantes no Estado. Desde quarta-feira passada começou a circular na praça o dinheiro dos salários de final de ano, pago aos servidores estaduais.
Há um frenesi intenso em todos os pontos comerciais e financeiros da cidade, do centro aos bairros. Liquidações, ofertas, oportunidades e o corre-corre habitual de época em franca ebulição. Nada disso esconde que o país e o Estado enfrentam temporadas sucessivas de aperto financeiro. A crise econômica é da conjuntura internacional. Mas é nesse turbilhão de dificuldades que se sobressaem as iniciativas que fazem a diferença.
Mato Grosso do Sul não passa pela mesma agonia de outros 17 estados, imersos na angústia cruel de chegar ao fim do ano sem ter conseguido cumprir suas obrigações mais elementares, entre as quais o pagamento dos salários do funcionalismo. E se aqui o dinheiro está circulando na praça, girando a economia, é porque em vez de um milagre o governo estadual recorreu às inteligências de sua administração, usando de critérios essenciais como o planejamento, a responsabilidade, a criatividade e o trabalho.
Assim, sem mais delongas, sem dourar pílula, basta compreender que o fruto de quem planta boa semente em terra fértil chega na hora certa. Como consequência e não como obra do acaso. A situação em que o atual governador encontrou Mato Grosso do Sul há quase cinco anos era e é semelhante à de outros estados, sobretudo no que se refere ao endividamento e à falta de estrutura e de governabilidade.
De acordo com o que apurou o jornal “O Estado de São Paulo”, o panorama é bem mais crítico em meia dúzia de unidades federativas. O respeitado jornal afirma que “em meio a uma crise financeira que já se arrasta há anos, ao menos seis estados brasileiros, que juntos empregam 1,3 milhão de servidores, enfrentam dificuldades para pagar seus funcionários atualmente”.
Adiante, acrescenta: “Os pagamentos têm sido feitos de forma parcelada. E, com a chegada do fim do ano, cinco deles agora ainda terão de recorrer a operações extraordinárias na tentativa de quitar o 13º salário dentro do prazo legal, até 20 de dezembro. Com dificuldade de arrecadação, Mato Grosso, Minas Gerais, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Sergipe já vêm escalonando o pagamento dos salários – normalmente, em até três vezes”.
Como se vê, há diferenças que precisam ser medidas, comparadas e projetadas na avaliação que todos podemos fazer – e fazemos – sobre de que forma somos governados.
GERALDO SILVA