Com a flagrante decadência do serviço de transporte público oferecido em Campo Grande, já tem data para acontecer a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o Consórcio Guaicurus: esta quinta-feira (3). O requerimento, que conta com pelo menos 12 assinaturas, será apresentado na primeira sessão deste ano da Câmara Municipal da Capital, após as férias.
Com mais reclamações e inquéritos do MPMS (Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul) se acumulando, uma CPI para investigar as atividades do Consórcio Guaicurus sairá do papel. A iniciativa não avançou ano passado. Desta feita, sensível com a situação, o presidente da Casa, Carlão Borges, já adiantou que esta Comissão será da Casa, de todos os vereadores.
Os usuários vêm relatando há anos que os ônibus circulam lotados mesmo no auge da pandemia de Covid-19. É triste e vergonhoso ver esta situação que o usuário passa todos os dias para encarar um dia de trabalho.
Além disso, com a redução paulatina de passageiros nos últimos anos, que buscam alternativas para se deslocar, e a total falta de cunho social do consórcio, que busca apenas o lucro, afetam toda uma cadeia, desde atrasos no trabalho, aglomerações e muitos outros prejuízos. Para ter lucro, o coletivo tem que levar 6 passageiros por metro quadrado. Com a redução dos usuários é automática a retirada de ônibus de circulação. Prática que não está prevista em contrato.
O Consórcio tem que ser investigado e, dependendo do resultado da CPI, o contrato de concessão tem de ser rompido. A nossa população não pode ficar à mercê de um transporte público ultrapassado e ineficaz.
Por outro lado, os vereadores têm a missão de fiscalizar o contrato que tem responsabilidades compartilhadas, entre as empresas de transporte e os órgãos que compõem o chamado “Poder Concedente”.
Um dos principais pontos cobrados é a situação dos ônibus em circulação, que também não atendem o estabelecido em contrato. Várias denúncias já apontaram veículos com mais de cinco anos rodando pela cidade.
O que mais choca a todos é que o prefeito Marcos Trad prometeu na campanha eleitoral veículos novos, ar-condicionado, internet e reformar os pontos de ônibus. Balela! Cinco anos se passaram e o serviço só piorou. Agora, segundo o vereador Marcos Tabosa, o prefeito vai ajudar as empresas com R$ 700 mil por mês. E nada se fala em dar uma contrapartida ao já constrangido e humilhado usuário. Um absurdo.
Com uma administração “meia boca”, não era de se esperar muito, mas a demora em tomar atitude acaba afetando diretamente a parte mais sensível da população campo-grandense, reforçando um total descaso com os anseios da sociedade.
Que os vereadores cumpram seu papel e não deixem nada para trás. É o que esperam os usuários, pois não aguentam conviver com essa vergonhosa e desrespeitosa relação da Prefeitura e o Consórcio em detrimento da humilhação dos usuários do transporte coletivo.