Leitores que se deparam com a vexatória gestão da prefeita Adriane Lopes manifestam à FOLHA sentimentos de tristeza, decepção, revolta e incredulidade. Não acreditam ser possível que tantos e seguidos tropeços sejam cometidos por um agente publico muito bem remunerado, à frente da prefeitura que mais arrecada no Estado e ainda contando com parceiros que a toda hora contribuem para não deixar que o abismo se torne mais fundo.
A realidade, infelizmente, é esta. E ela vem ilustrada às vezes por tons de crítica espirituosa de uma comunidade prejudicada pela má gestão. Houve até quem sugerisse, diante da sucessão de erros da prefeita, que o lema de sua administração seja este: “cesteiro – ou cesteira, no caso – que faz um cesto, faz um cento”. É a tal história do errar é humano, mas insistir no mesmo erro é não quer ser feliz e impedir o vizinho de sê-lo.
Não bastassem as repercussões altamente negativas após a revelação da existência de uma folha ou conta secreta na prefeitura, agora tem a orgia das disparidades salariais. Grupinhos de servidores, vários comissionados, ganham polpudas remunerações, enquanto outras categorias continuam aí, desvalorizados, alimentando esperanças cada vez mais distantes.
Enquanto vários segmentos do funcionalismo, entre eles os guardas municipais, amargam salários cada vez mais deteriorados, apesar de terem direito a um ajuste que a prefeita se recusa a pagar, os “peixinhos” da cota política e pessoal da gestora nadam de braçada pelas águas tranquilas de holerites generosíssimos. Os auditores, por exemplo, que mesmo cumprindo um ofício delicado, terão seu salário elevado às alturas, podendo perceber até R$ 70 mil/mês.
No corpo de assessores da “Privilegiolândia” bancada com dinheiro do contribuinte, ainda tem lugar para figuras “abençoadas” na pia batismal dos super-salários – não é mesmo, secretária de Finanças? Sim, a titular da Sefin também foi contemplada com o mega-reajuste e o seu salário saiu dos R$ 17,2 mil podendo chegar a R$ 80 mil.
Tem razão o leitor que sugeriu o adágio popular do cesteiro que faz um cesto. Na prefeitura, faz-se o cento da vergonha, com a sequência de desmandos, e faz-se o cento dos altos salários da curriola.