A imediata instalação da CPI dos Transportes Coletivo na Câmara de Vereadores de Campo Grande para averiguar problemas no setor que vem afligindo a Capital é um desejo antigo de grande parte da população. Tudo indica que esta crise no setor de transportes na cidade morena respingará na frágil defesa dos apoiadores do prefeito Marcos Trad (PSD) e, por tabela, do Consórcio Guaicurus que vão tentar mais uma vez mostrar à população que o serviço não é tão ruim e que vai melhorar no futuro. Mesma promessa dos últimos 10 anos.
Os defensores da CPI vão apontar falhas na prestação do serviço e que a pandemia de Covid-19 agravou problemas já existentes: superlotação, linhas que não atendem ao período noturno, paradas de ônibus destruídas que não foram repostas.
Além disso, a cobrança de uma tarifa de transporte público aos campo-grandenses não pode estar desconectada da realidade social da cidade. Vale lembrar que a promessa do atual prefeito é que durante seu mandato os ônibus teriam tarifas justas, ares-condicionados, internet, sem esquecer que os pontos de ônibus seriam cobertos.
Mas quando começa o ano junto vêm os rumores de que haveria aumento de tarifa durante a pandemia. O que de fato se provou real. Então, a CPI tem esse papel fundamental de fazer a investigação se de fato há irregularidade ou não.
A maioria dos vereadores de Campo Grande tem reconhecido a má qualidade na prestação de serviço por parte do Consórcio Guaicurus. No entanto, ainda quer saber as justificativas que serão apresentadas pelo vereador Marcos Tabosa (PDT), que está tentando instaurar a Comissão Parlamentar de Inquérito.
A Câmara avalia elaborar um requerimento para dar início à investigação, só que desta vez o documento não seria proposto por um vereador, e, sim, pela Casa de Leis. Para dar início à investigação, são necessárias 10 assinaturas de vereadores, ou seja, um terço dos 29 parlamentares.
O Consórcio Guaicurus pediu R$ 30,7 milhões à Prefeitura de Campo Grande como forma de “compensação financeira momentânea e emergencial”. Isso mesmo! Qual prestador de serviço ou concessionária pública que quando tem prejuízo requer que o cedente do serviço pague a conta?
O primeiro requerimento apresentado na Casa de Leis foi em agosto do ano passado, com destaque para três pontos centrais para iniciar a investigação: a má prestação do serviço, o descumprimento do Termo de Ajustamento de Gestão (TAG) e o balanço financeiro da empresa.
A nova tratativa tem como objetivo analisar o contrato de concessão pactuado com a Prefeitura de Campo Grande e a empresa responsável pelo transporte coletivo na Capital.
Faz-se necessária uma investigação sobre todo o contexto que é o transporte coletivo em Campo Grande, onde há muito tempo a população já vem sofrendo com tarifas absurdas e má qualidade nos veículos. Aquela augusta Casa de Leis precisa tomar a frente deste descaso com os usuários e com os colaboradores das empresas que detém a concessão, e dar luz a essa relação no mínimo estranha com o chefe do executivo.