Provavelmente inspirada na mitologia egípcia, a Fênix seria uma ave das mais lindas e poderosas. Podia viver 500 anos, suas lágrimas curavam qualquer doença e o canto era mavioso e sedutor. Mas no final da vida a melodia era muito triste, prenúncio da morte que chegava em labaredas de fogo, de cujas cinzas a ave ressurgia para viver mais 500 anos.
A mitológica crença é usada como comparação para acontecimentos reais, associada sempre às desventuras e fracassos humanos. Na política, o palco de exemplos é amplo e variado. No caso de Mato Grosso do Sul, há várias fênix gestadas pelas urnas de 2022 que acreditam ter a fórmula para fazer das próprias cinzas um leito de gloriosa ressurreição.
É um sonho justo e legítimo levantar-se dos escombros para criar novas e melhores oportunidades, ainda que os estragos sofridos sejam dos mais devastadores. Em sendo assim, custa nada prestar atenção na pequena e atrevida mobilização de derrotados de ontem querendo juntar hoje as suas combalidas forças para garantir um renovado amanhã.
Quem puxa a fila? É difícil saber. Tudo indica, porém, que seja o ex-prefeito Marquinhos Trad. A surra acachapante que tomou do eleitorado não o fez recolher-se ao sereno dos derrotados. Está tentando somar revezes e ver se consegue um caldo de ânimo para reagir.
Mas o ex-prefeito ilude a si mesmo, acreditando que arrastará consigo outros alvos dos revezes nas urnas, como o ex-governador André Puccinelli, a ex-deputada Rose Modesto e o ex-ministro Henrique Mandetta, vítimas de uma votação incompatível com o tamanho que tinham ou que julgavam ter. Estes, apesar do chá de sereno que estão tomando, dificilmente serviriam a um egocêntrico ex-candidato, que foi vítima das próprias e desonrosas fraquezas políticas e pessoais.
Como se vê, nem todo mundo tem condição de ser como a Fênix. Porque nasceram apenas para ser cinza.