O governo de Eduardo Riedel está para completar 60 dias. Num ligeiro traço crítico de análise, desapaixonada, mesmo superficialmente é possível estabelecer referenciais consistentes de desempenho. Não o desempenho do gestor, mas da gestão, porque é ela que espelha as verdades dos indivíduos que lhe fazem a representação, pública ou privada.
Dois meses são muito pouco para aquilatar em suas reais dimensões o tamanho, a extensão, a profundidade e a resolutividade das intervenções de um governo na vida da sociedade e do Estado. Entretanto, o caso de Mato Grosso do Sul é uma exceção. E que não impõe complexos exercícios de conhecimento para fazer as primeiras leituras.
O Estado veio com oito anos de uma efetiva prova de capacidade no enfrentamento de desditosas conjunturas na economia e na saúde. Estas são áreas onde os venenos que agem contra a governabilidade têm altíssimo poder de contaminação. Consequentemente, os impactos mais destrutivos e dolorosos se manifestam nas finanças.
A par deste cenário adverso, o governo ministrou remédios amargos, sem, no entanto, asfixiar os contribuintes, muito menos desamparar aqueles que mais precisam. Com os recursos obtidos pelo equilíbrio financeiro e fiscal, e as inteligentes e produtivas relações interinstitucionais, o governo passou oito anos desenvolvendo o Estado, mantendo prioridade na atenção às pessoas. Um crescimento que significou evolução econômica e social.
Esse olhar no passado recente é indispensável, não para tecer as loas a este ou aquele governante, mas ao que fez e o que não fez o seu governo. E é nesse contexto que se assenta a nova realidade, gerada pelo fator político e institucional do processo sucessório, mas que não teria durabilidade e nem consistência sem outro fator, o maior de todos: o compromisso conceitual.
É a visão de sociedade que define conceitualmente um governo, que identifica a vocação de suas diretrizes e que dá o carimbo humanista, tão essencial para as responsabilidades de quem está no poder não apenas para atender os interesses do Estado e da própria sociedade, mas ser em todo o tempo o fiel depositário de suas esperanças e expectativas.
Nestes 60 dias esta marca já ganhou visibilidade, mesmo sem posar diante de espetaculosos holofotes promocionais. É no passo comedido e sereno, sem alardes cênicos, que a atual gestão dá os primeiros passos de sua árdua caminhada. Cuida das pessoas e dos interesses legítimos delas, construindo pontes e afinidades progressistas, blindando-se contra febres oportunistas de poder e ambição para concentrar-se na arte benfazeja de promover o bem-estar amplo, geral, irrestrito.
Dois fatos ilustram estas observações conclusivas: as reuniões com as bancadas parlamentares estaduais e federais e a primeira visita de Riedel ao interior, na cidade de Ribas do Rio Pardo. Em ambas as ocasiões ele reiterou alguns compromissos que já haviam transformado Mato Grosso do Sul e exigiam renovação: a gestão municipalista, o foco na geração de renda e emprego, a sustentabilidade e a integração social, econômica e cultural com os parceiros latino-americanos e o restante do planeta, pelas vias da Rota Bioceânica.
Se aquele governo foi bom, este começa com semelhante peso nos medidores. Cada um com seu cada um, porém são igualmente boas para o Estado as semelhanças e as diferenças entre o ciclo Reinaldo Azambuja e o ciclo Eduardo Riedel.