Se existe alguém que duvidava dos desdobramentos funestos que o PSD sofreria depois das eleições de 2022, os fatos estão aí, à vista e à audiência de todos que tenham olhos para ver e ouvidos para ouvir. Com um programa dos mais interessantes e um nome que guarda sólida tradição na história política do Brasil, o Partido Social Democrático já não é mais o mesmo de antes em alguns estados e municípios.
Campo Grande é exemplo – mau exemplo, por sinal – do esvaziamento político causado por uma agremiação mal conduzida, mal organizada e, o que é pior, mal dotada de sensatez e inteligência. Houvesse tais qualidades, o PSD local não entraria numa aventura cujo desastre se pronunciava diante até de olhos e mentes mais leigas. As sucessivas descobertas de desmandos do prefeito em sua gestão e depois a implosão da candidatura ao governo, efeito das denúncias de abuso sexual, fizeram-no despencar, ruidosamente, nas pesquisas de intenção de voto e no conceito junto à sociedade.
Das alturas ao rés do chão, o grande tombo do ex-prefeito configura-se também como um tombo partidário dos mais devastadores. A projeção de esvaziamento partidário nos diversos municípios de Mato Grosso do Sul indica que ao menos um terço dos vereadores e lideranças pessedistas estão de malas prontas e passagens compradas para abrigar-se em outros ninhos. E tem gente tão desencantada com o PSD que pensa em se divorciar de vínculos partidários.
Na Câmara Municipal de Campo Grande, até mesmo os vereadores que admitem permanecer no partido reconhecem a dimensão dos estragos políticos que podem, fatalmente, produzir danos eleitorais tão acentuados que reduzem as chances de reeleição. A atual situação do PSD guaicuru, principalmente o de Campo Grande, faz lembrar o título do antológico e certeiro livro do escritor Gabriel García Márquez: ‘Crônica de Uma Morte Anunciada’.