Absoluta e lamentavelmente entristecedor o que ocorreu no Brasil este mês, quando chegamos à marca aterradora de meio milhão de vidas interrompidas pela Covid-19. Esse número foi registrado no último dia 19, virou passado – o presente é bem pior, já que na quarta-feira, quatro dias depois, os óbitos já ultrapassavam a casa dos 507 mil.
Podem até questionar um editorialista que, em vez de comemorar o número de pessoas tratadas e curadas nas redes hospitalares, mais de 16,5 milhões, prefere insistir nessa lacrimejante e espetaculosa ladainha de obituários.
Todos gostariam – inclusive este articulista – que fossem ressaltados apenas as vidas salvas, as saúdes restituídas, o bem-estar e a segurança de uma sociedade protegida e confiante, sem medo de abrir a porta, de sair às ruas, de abraçar o seu vizinho, de visitar os amigos, de dançar, de cantar, de ir ao cinema, ao futebol, à praia, às compras.
Tais direitos e atividades por ora são de risco. As pessoas de bom-senso sabem porque, e resignam-se, por amor à vida; pela defesa de si, dos seus e do próximo. Infelizmente, muitos ainda ignoram ou subestimam o risco, agindo como se possuíssem no organismo um escudo de inimaginável poder para impedir a ação de um vírus letal, de fácil contágio e que não escolhe vítimas, todas e quaisquer umas fazem parte de sua ceifa.
Num país cujo dirigente máximo faz pouco caso da dor alheia e segue a maldita rotina de minimizar a tragédia, escancarada às suas vistas, os números não poderiam ser piores a cada dia. Depois de bater as 500 mil mortes, logo depois o Brasil voltava a ocupar pela terceira vez a primeira colocação no ranking dos países com mais óbitos por Covid. Já ultrapassou a Índia, que fica à frente dos Estados Unidos, registrando diariamente mais de dois mil óbitos.
A “gripezinha” continua matando milhares e milhares neste País e as motocicletas continuam roncando. Mas a imprensa não vai calar a boca. Cala a boca já morreu!