Dois tipos de imagens e assuntos relacionados ao meio ambiente estão entre as principais manchetes nos últimos meses: a mortandade de peixes e de outros animais, sobretudo no território pantaneiro. Direta e indiretamente, o homem é responsável por cenas dantescas e revoltantes de eliminação da vida.
Nos rios, os cardumes são afetados pela decoada. É uma combinação entre fenômenos naturais e a intervenção humana, resultando no despejo de resíduos e material inorgânico nos cursos fluviais, diminuindo assim a oferta de oxigênio e causando a asfixia das espécies ictiológicas. Os peixes morrem após lenta e brutal agonia.
Nas estradas, asfaltadas ou não, mamíferos, répteis e aves tornaram-se alvos potenciais de condutores criminosos, que transformam os volantes em armas mortíferas. Vencem as distâncias em altíssima velocidade, superior ao limite determinado por lei. Quando os animais cruzam à sua frente, tentando atravessar a pista, não erram o alvo.
Um dos símbolos tristes nesta carnificina da fauna pantaneira é a onça, especialmente a pintada, o felino de sua espécie que mais tem sido vítima de atropelamentos, com ferimentos graves e mortes. Há casos de carabineiros do volante que se ufanam ao abater a presa.
Se os peixes e as onças morrem por falta de oxigênio na água ou por atropelamento, significa que os rios, as rodovias, os veículos, os defensivos químicos e as placas de sinalização têm pouca serventia. Ou que os maus e os irresponsáveis, os gananciosos e os tresloucados, podem mais do que a letra da lei, a palavra da autoridade e o imperativo cristão e ético da vida.
O governador Eduardo Riedel está há quatro meses no poder fazendo a lição de casa e insistindo na afirmação da consciência de todos em prol do progresso humano e sustentável. Não há outra solução para preservar e para dar longevidade à vida dos seres racionais e irracionais.
Assim, do turismo à agropecuária, da indústria à aventura, podem ser criadas condições plenas e sólidas para a exploração econômica. Desde que não se agrida a natureza e se respeite as necessidades da convivência desta com os humanos, é viável e é possível tirar das manchetes, por falta de assunto, a morte de peixes e onças. A vida agradecerá.