Que venha a Bioceânica. Ou saiamos ao seu encontro. Não seremos atropelados por um viés progressista
Há quem calcule que passarão de bilhões de dólares as obras de infraestrutura e de investimentos nas melhorias urbanas, infraestrutura e necessidades sociais para que seja o mais pleno possível o funcionamento da Rota Bioceânica. Grande parte das cidades brasileiras, paraguaias, argentinas, peruanas e chilenas ao longo desse corredor continental não vem ou não está preparada especificamente para responder às diversas demandas que já se manifestam desde hoje, a dois anos de sua efetivação.
Se este é um quadro de carências pontuais, é também um retrato da grandeza que está vindo para modificar radicalmente o mapa econômico e social dos povos latino-americanos. Não só pela chuva de dólares, reais, pesos e outras moedas que caem dos bolsos do poder público e da iniciativa privada, mas pela potencialização das capacidades, atributos e vocações de cada lugar, alguns deles estratégicos, precisando, por isto mesmo, tomar conta desta condição.
São estratégicas por questões geográficas, por exemplo, as cidades de Porto Murtinho, no Brasil, e Carmelo Peralta, no Paraguai. Elas são os dois extremos da ponte fluvial que será a entrada, pelo Brasil, dos produtos que atravessarão Paraguai, Argentina e Peru até chegar ao Chile, cujos portos servirão como referência inicial do acesso por água doce ao sal do Oceano Pacífico, para atender poderosas clientelas internacionais, entre as quais as asiáticas.
E onde ficam nesta história a Cidade Morena de Campo Grande e o Estado guaicuru de Mato Grosso do Sul?
A resposta correta se dá só depois que as duas unidades federativas forem entendidas como dois dos principais núcleos estratégicos da Rota. E não apenas núcleos ou pontos referenciais no mapa, mas polos efetivos e estruturados de gestão, operação e fomento no contexto das decisões e dos benefícios que os intercâmbios polinacionais irão propiciar.
Felizmente, a Capital e o Estado possuem dirigentes que fazem esta leitura. E trabalham com empolgação, confiança e decisões governamentais no âmbito das exigências que se acumulam. Com entendimento futurista, o governador Eduardo Riedel pôs a Bioceânica no alvo das principais políticas de capacitação do governo – e a prefeita Adriane Lopes abre as portas aos atuais e futuros parceiros, como salientou há pouco ao inaugurar um espaço de intercâmbio entre o Chile e Campo Grande.
Que venha a Bioceânica. Ou saiamos ao seu encontro. Não seremos atropelados por um viés progressista que terá de tudo para garantir bem-estar, oportunidades e desenvolvimento sustentável.