Ardilosa e desfaçadamente, a colagem criminosa de notícias falsas (fake news) vem contaminando os diversos ambientes brasileiros, a ponto de interferir negativamente na normalidade das boas rotinas e produzir impactos perniciosos que afetam contextos sociais, econômicos e políticos. Não há limites, ao que tudo indica, para a sanha inescrupulosa de gente que, com nebulosos objetivos, recorre a este expediente de falsidades e desinformação.
Prova maior desta afirmação está aí, vista e ouvida no Brasil inteiro, com o protagonismo condenável de um representante do povo, o deputado federal mineiro Nikolas Ferreira. Ele utilizou as redes sociais com um comentário cuidadosamente burilado para criar dúvidas no imaginário popular sobre a falsa notícia de que o governo Lula cobraria imposto sobre uso do PIX.
Tratava-se de notícia falsa. Mas Nikolas fez a malandragem para revigorá-la. Ele não endossou a mentira e disse, primeiro, que o PIX não estava sendo taxado. Depois, fez a ressalva malandra: “Mas não duvido que [a taxação do PIX] possa ser”. Era este seu propósito maior (ou menor): semear a dúvida. E o manuseio da mentira fez a dúvida crescer, colou no imaginário popular e obrigou o governo a recuar de uma medida que obrigava as instituições financeiras a informar movimentações acima de R$ 5.000 mensais à Receita Federal.
Segundo especialistas em comunicação e uso da Internet, as fake news são estudadas por pessoas que sabem como aplicá-las para causar efeitos imediatos e com grande reprodução. Nikolas “apenas” insinuou que o governo poderia taxar o Pix. Sua postagem atingiu quase 300 milhões de visualizações em dois dias, tornando praticamente impossível a tentativa governamental de desmentir tal desinformação.
E ainda tem gente, muita gente, que defende liberdade de expressão como se este sagrado instituto da democracia fosse uma autorização para a propagar mentiras e situações depreciativas, cujos danos, sobretudo os de alcance moral, muitas vezes não há como reparar.