Ninguém duvida da coragem do juiz federal aposentado Odilon de Oliveira. Porém, agora com as chuteiras da magistratura penduradas ele calçou os sapatos da política, certo de estar contribuindo com o aprimoramento da representação popular.
Isso é bom. É de fato importante. E é, de direito, essencial que as pessoas se reconheçam neste papel singular de responsabilidade e participação, sobretudo quando tratar-se de alguém com a visibilidade e a dimensão representativa de um magistrado, um operador do Direito e da Justiça.
Esperava-se, por isso, bem mais do juiz que ganhou notoriedade combatendo o crime organizado e os criminosos, do homem da lei que precisou ficar 24 horas/dia sob proteção policial em todos os ambientes, do escritório ao banheiro; esperava-se na disputa política contra qualquer adversário esta figura consagrada dentro e fora do Brasil pelas manchetes e premiações meritórias.
Infelizmente, para decepção de grande número de admiradores e estudantes que o têm – ou tinham – como exemplo a ser seguido, sua contribuição com a política, no sentido de torná-la mais digna e confiável, funcionou ao contrário. E não foi ao acaso. Não foi incidental. Foi por suas próprias mãos. Ou atos. Ou decisões. Foi a pressa, talvez, de acertar. Ou o erro intencional de um projeto contaminado pela ânsia nervosa e açodada de fazer da política e das urnas o coroamento de sua santidade cívica.
Embora com mais de 40 anos operando como profissional nas áreas do Direito e da Justiça, o juiz aposentado Odilon de Oliveira demonstra em sua estreia na política que não tem todo o preparo jurídico que propaga ou então interpreta que a lei, em vez de ser, pode ser para todos. Haveria exceções. No seu caso.
Não fosse assim e ele não teria sido condenado mais de uma vez a sofrer multas pecuniárias da Justiça por infrações à legislação eleitoral, principalmente pela prática da propaganda política irregular. Não fosse assim e ele não estaria sendo alvo de acusações graves de um primo e assessor que o assistiu direta e reservadamente por 18 anos no tribunal que aprecia e julga criminosos graúdos.
Enquanto a Justiça não dá o veredito, afirma-se a presunção da inocência, da probidade. Mas sob questionamento diante das situações que se revelaram durante a disputa política, especialmente as contradições grosseiras e espalhafatosas, como a aproximação com o ex-governador André Puccinelli e seu partido, que o juiz já chamou de “quadrilha do MDB”.
Afinal, foi o candidato do PDT que logo no início da caminhada avisou, lá de cima, que não aceitaria ninguém suspeito no palanque e nem no governo. Os suspeitos e condenados já estão à vontade, em casa, no seu palanque, ansiosos para emendar o soneto e instalar-se no governo para mandar e desmandar. As pesquisas avisam que a maioria do eleitorado não quer mais essa turma. E quem decide são os eleitores. A ficha depende deles, se vai continuar limpa ou se vai ser rasgada.
GERALDO SILVA