“O Estado não é mais criança. Já tem quase meio século que deixou de ser apêndice geográfico”
Celebridades de todas as áreas que vêm a Mato Grosso do Sul confundem-se no momento em que se referem ao Estado aonde estão. E não só aqui: no Nordeste, no Peru, na China e no Polo Norte, em qualquer lugar do mundo, quem quiser elogiar Bonito, Corumbá ou Campo Grande, por exemplo, vai afirmar que adorou estar em Mato Grosso.
Nada contra os nossos vizinhos. Mas o que se pretende é buscar um entendimento que consagre o mais amplo reconhecimento da identidade de Mato Grosso do Sul. O Estado não é mais criança. Vai fazer 46 anos. Já tem quase meio século que deixou de ser apêndice geográfico e firmou-se com seus próprios valores e identificações, ainda que, em muito, e felizmente, preservando laços históricos existentes antes da divisão.
É evidente que adotar uma nova denominação traz questionamentos e sugere incômodos, como ocorreu em meados dos anos 1980. Três deputados estaduais entraram em cena com a ideia de substituir Mato Grosso do Sul por outro nome. A intenção seria batizá-lo de Pantanal.
Aquela ideia não prosperou. Prevaleceu o olhar conservador, com uma dose de afetividade e outra de apego histórico. Mas cada um tem suas próprias afirmações identitárias, na geografia e no status político e jurídico. Mesmo como uma moeda, com dois lados, esta tentativa inicial morreu no nascedouro.
Agora se restabelece o debate, pela via institucional. Na Assembleia Legislativa. Um projeto do deputado Júnior Mochi quer incluir no logotipo dos órgãos oficiais do executivo, a inscrição “Mato Grosso do Sul – O Estado do Pantanal”. E a ideia cresce nos microfones do plenário. Vários parlamentares já se manifestam a favor de nova denominação e sugerem que seja mesmo Pantanal.
Discussões são saudáveis e evidenciam que as partes têm suas boas razões e algumas nem tão consistentes. Mas uma coisa é inegável: ser Mato Grosso do Sul não é apenas uma condição geográfica. É legitimidade e autoridade de escopo identitário. Como são os gêmeos João e José. Parecidíssimos. Mas João é João e José é José.