Políticos que já estiveram no auge, como Grazielle Machado e Tio Trutis, sentem a rejeição dos eleitores
Nas eleições de 2018, alguns candidatos se destacaram em Mato Grosso do Sul, especialmente os que foram impulsionados pelo fenômeno do bolsonarismo. Um deles, autodenominado Tio Trutis, conquistou uma vaga na Câmara dos Deputados com 56.339 votos, algo impressionante para quem, até então, era um ilustre desconhecido na política.
Assim como Tio Trutis, outras figuras que já tiveram seus tempos de celebridade na vida pública, alimentaram projetos maiores a partir de seus mandatos. Assim, expressiva parcela de eleitos passaram a cultivar o sonho de disputar posições mais elevadas, como as prefeituras, governo estadual e Senado. As urnas, contudo, não compartilharam estes sonhos.
CARGA PERDIDA
O bolsonarista Tio Trutis, que chegou a simular um atentado contra si mesmo, não conseguiu se reeleger em 2022. Voltou à carga agora, em busca de uma das 29 vagas da Câmara de Vereadores. E teve que degustar o amargo prato da rejeição popular: teve minguados 704 votos. Talvez seu consolo seja saber que vários ex-vereadores e celebridades também foram deletados da preferência dos eleitores.
O ex-vereador Miltinho Viana também ficou no mesmo patamar de repulsa eleitoral que carimbou Tio Trutis, colhendo apenas 771 votos. A legião neste espaço de candidaturas refugadas porque perderam o fascínio de antes se encontram ex-vereadores como Grazielle Machado, Youssif Domingos, Waldemir Poppi, Eduardo Romero, Marcelo Bluma, Dharleng Campos, Alex Melo, Aírton Saraiva, Athayde Nery Jr e Maurício Picarelli.
Justiça seja feita, alguns deles fazem muita falta no primeiro plano da política local, como é o caso de Athayde Nery Jr, que estava em busca de seu quarto mandato. Grazielle, filha do todo-poderoso Londres Machado, chegou a avançar, conquistando em 2018 uma cadeira na Assembleia Legislativa, mas nem disputou a reeleição porque devolveu ao pai o espaço político que lhe havia sido dado como empréstimo. E agora não logrou sequer uma vaga na Câmara de vereadores.
Outro caso emblemático é o de Maurício Picarelli. Deputado estadual por cinco legislaturas, foi golpeado pela derrota na tentativa e conquistar a sexta e reservou-se para retornar como vereador. Mas não combinou com os eleitores e viu que já não tem mais a boa relação de anos com as urnas. O mais antigo do grupo é o ex-vereador Waldemir Poppi. Da geração de lideranças dos anos 1990 – mandato entre 1993 e 1996 -, Poppi cresceu no movimento comunitário. Após não conseguir a reeleição, afastou-se das disputas e só retornou agora, sem sucesso.