“Estou muito orgulhoso por poder representar meu povo. O que levo de melhor da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) é o conhecimento e a rotina de me esforçar sempre mais”, disse o primeiro químico industrial indígena de Mato Grosso do Sul, Namir Medeiros de Oliveira, de 28 anos, que é da etnia Terena. Ele recebeu o diploma em uma colação de grau extraordinária na última sexta-feira (26), na UEMS, em Dourados.
Namir Oliveira nasceu na Aldeia Ipegue, em Aquidauana, mas logo foi morar na área urbana junto aos familiares, teve oportunidade de estudar em escola particular e antes de entrar no curso de Química Industrial da UEMS fez o curso técnico em química, de dois anos. Para cursar a faculdade, foi morar com parentes em Maracaju e fazia o trajeto diariamente de ônibus para Dourados.
“Eu tive muita sorte por ter a Rede de Saberes na UEMS, me ajudou muito, principalmente, nas viagens para Londrina, Paraná, e Goiânia, Goiás, para apresentar meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Então o principal da UEMS para mim foi a ajuda da Rede de Saberes”, reconheceu o químico industrial.
Namir já fez a pré-seleção para um emprego em Campo Grande e está aguardando o resultado. Mas ele tem um grande sonho, que é abrir uma empresa a partir do seu TCC. “Meu trabalho foi sobre leveduras industriais, produção de etanol e o processo químico/físico da levedura, pesquisei especificamente sobre a cachaça, então até estou querendo abrir uma cachaçaria para mim”, relatou.
O Programa “Rede de Saberes” na UEMS tem o objetivo de apoiar a permanência na educação superior de estudantes indígenas. De acordo com a coordenadora do projeto, Beatriz Landa, a formação deste aluno mostrou que a função das ações afirmativas vem funcionando. “Os acadêmicos indígenas estão buscando formações também no bacharelado, pois a maioria cursa as licenciaturas para contribuir com a educação escolar nas terras indígenas. Então isto mostra que a função das ações afirmativas está atingindo os objetivos previstos, pois permite que os indígenas possam estar nos espaços que antes só eram acessados pelos não índios”, destacou.
Para a coordenadora do curso de Química Industrial, Marcelina Ovelar Solaliendres, Namir Oliveira surpreendeu como aluno. “Nós já tivemos outros acadêmicos indígenas no curso, mas ele foi o primeiro que se formou, pois ele era muito esforçado, lutador, participativo. É um orgulho o vermos formado, pois o curso não é fácil, contudo Namir sempre corria atrás das disciplinas, estágio. Ele mereceu, é um vencedor”, ressaltou a professora. (Assessoria)