As alergias respiratórias não são exclusivas das estações frias, elas também podem ser comuns no verão. Embora a umidade relativa do ar esteja mais alta, devido ao período de chuvas, a estação mais quente do ano reúne algumas condições capazes de desencadear a rinite alérgica, uma irritação na parte interna do nariz que gera desconfortos como congestão nasal, coceira no nariz, espirros, coriza, entre outros.
De acordo com a Organização Mundial da Alergia, estima-se que mais de 400 milhões de pessoas sofram com esse problema pelo mundo.
O coordenador do Departamento de Alergia da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), Eduardo Baptistella, explica como podem surgir os quadros de rinite alérgica.
“O nariz é a porta de entrada do ar e substâncias que estão contidas nele. Ele tem a função de filtrar as impurezas, além de umidificar e aquecer esse ar que chega aos pulmões. Durante todo o processo, a mucosa nasal pode inflamar, reagindo ao contato com algum alérgeno, como ácaros, poeira, fungos e pólen, causando a rinite alérgica”, detalha o otorrinolaringologista.
No verão, o período de chuvas e a alta umidade podem resultar na proliferação de fungos e bolor em espaços sem exposição direta ao sol. Mofo e ácaros podem ser característicos de ambientes que ficaram fechados por um longo período, como casas de veraneio, por exemplo.
Além disso, nessa estação há maior uso de ventiladores e a permanência em ambientes climatizados que nem sempre estão com a higienização adequada. O ventilador pode levantar partículas de poeira do espaço e o ar-condicionado, se em temperatura muito baixa, pode ressecar as vias aéreas.
O especialista também revela que essa reação alérgica pode ter características hereditárias. “Quando um casal alérgico tem um filho, a probabilidade dessa criança ser alérgica é de cerca de 50%, porém, mesmo que nenhum dos pais apresente o distúrbio, o problema pode se manifestar independentemente da idade. Ou seja, é possível a pessoa tornar-se sensível a uma substância que antes era suportável, desenvolvendo sintomas apenas tardiamente”, esclarece Baptistella.
PREVENÇÃO E CUIDADOS
“A recomendação é permanecer em ambientes limpos e arejados, com boa iluminação solar e em zonas não poluídas. No caso de viagens neste período de férias, a pessoa deve evitar entrar em residências que estejam fechadas há muito tempo. Em casa, os aparelhos de ar-condicionado e ventiladores devem receber manutenção e higienização com frequência. Na rotina de limpeza doméstica, deve-se evitar usar vassouras, pois elas acabam espalhando as partículas de pó. O ideal é usar um pano úmido para recolher a sujeira”, orienta Baptistella.
DIAGNÓSTICO
A rinite alérgica é um problema comum que, em muitos casos, permanece subdiagnosticada e sem o tratamento correto. Segundo especialistas, as pessoas tendem a ignorar os sintomas e o problema acaba se prolongando e afetando a qualidade de vida. Devido à sensação de nariz entupido, por exemplo, o sono acaba sendo prejudicado e a dificuldade para dormir gera irritabilidade e falta de concentração ao longo do dia, impactando na rotina.
Além dos cuidados com o ambiente, algumas medidas terapêuticas podem ser usadas para tratar o quadro alérgico. A lavagem nasal com solução salina e a hidratação do nariz ajudam, por exemplo, a prevenir problemas nessa área, pois limpam as narinas.
“É importante procurar um médico especialista para identificar a causa do problema. Na maioria das vezes, se distanciar dos gatilhos que despertam a rinite alérgica será suficiente. Mas o médico vai avaliar outras medidas de tratamento, como a necessidade de prescrição de medicamentos que reduzam a inflamação e controlem os sintomas, pois cada caso possui suas particularidades”, finaliza.