Setores como o turismo podem ser diretamente beneficiados, além de melhorias em infraestrutura, como hidrovias, ferrovias e estradas
A Missão Diplomática da União Europeia que está no Estado para conhecer as pontecialidades de negócios entre os mercados europeu e sul-mato-grossense teve seu primeiro compromisso nesta quinta-feira (25) com o governador Eduardo Riedel. No encontro, que aconteceu pela manhã no Bioparque Pantanal, o embaixador da União Europeia, Ignacio Ybañez, reafirmou o interesse do bloco europeu em retomar as conversas para formalizar um acordo com o Mercosul.
O governador fez uma apresentação aos 10 embaixadores, que compõe a Missão Diplomática dos estados membros da UE (Malta, Bélgica, Suécia, Croácia, Dinamarca, Portugal, Chéquia, Lituânia, Chipre e Polônia) sobre as pontencialidades econômicas do Estado.
Em sua palestra com o tema “Encontro MS-EU: Potencialidades para o Desenvolvimento em Comum”, o governador Eduardo Riedel destacou como o Mato Grosso do Sul tem se preparado para receber novos investimentos sem descuidar da sustentabilidade ambiental.
“Toda a nossa estratégia está calçada nessas quatro diretrizes: próspero, digital, verde e inclusivo. Com uma taxa de desenvolvimento acima da média, não vamos deixar ninguém para trás, com políticas públicas e inserindo as pessoas dentro deste processo de prosperidade e desenvolvimento. Somos um Estado que se propõe a ter nas suas práticas a sustentabilidade. Temos três biomas, o Cerrado, o Pantanal e a Mata Atlântica. Do ponto de vista dos incentivos fiscais, isto é muito cobrado para a industrialização que vem para o Estado. A gestão do Estado é feita para que preservermos os biomas dentro da legalidade proposta, um Estado que possa se modernizar do ponto de vista da tecnologia. Já estamos fazendo isso, mas também deve cobrar dos parceiros que venham para cá que tenham esta mentalidade, com um novo modelo que a sociedade exige”.
Riedel lembrou que boa parte deste crescimento está vindo do capital privado sob formas de parcerias estratégicas. “Montamos um núcleo para identificar oportunidades de investimentos, como é o caso do saneamento. Daqui cinco anos, seremos o primeiro Estado do Brasil a atingir a universalização do saneamento básico nos seus 79 municípios”.
Aos embaixadores, o governador lembrou que o Estado passa por um crescimento vigoroso, ocupando a oitava posição entre os entes federados que mais gerou emprego. Na área de Educação, o chefe do Executivo estadual disse que o Mato Grosso do Sul se propõe a universalização do ensino público com 100% das escolas em tempo integral. “Hoje 60% das escolas estão funcionando neste regime e queremos concluir este mandato oferecer esta oportunidade para todos os alunos da Rede”.
Em seguida da palestra do governador, o secretário da Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Jaime Verruck, falou sobre o projeto do Governo Estadual sobre Carbono Neutro. “O nosso objetivo é gerar a base metodológica para uma economia de baixo carbono em Mato Grosso do Sul, desenvolvendo e adaptando tecnologia para a redução e mitigação das emissões de gases de efeito estufa”, completou.
Verruck ainda ressaltou que o Estado participa de vários fóruns internacionais como “Race to Zero, “Under 2º Coalition” e “Declaração de Edimburgo”, e que as ações de descarbonização incluem unidades de geração de energia utlizando placas fotovoltaicas, biomassa, biometano, biodiesel, etanol de milho e hidrogêncio verde.
“No próximo dia 30, vamos inaugurar na Serra do Amolar, o Redd+ Pantanal, que será o primeiro projeto a certificar créditos de carbono”, disse Verruck.
O embaixador da União Europeia, Ignacio Ybañez, destacou que com a Guerra na Ucrânia, houve uma preocupação maior da UE em buscar novas parceria, que incluem o Brasil, e particularmente o Mato Grosso do Sul.
“O mapa dos investimentos europeus no Brasil indica que 50% do capital investido estrangeiro é aplicado no Brasil e queremos investir, em particular, existem temas que para nossas empresas são importantes. Acreditamos também neste esforço da transformação da economia. É um desafio combater as mudanças climáticas e proteger esta biodiversidade que vocês têm. Nós não temos a matriz verde energética que o Brasil possui, em particular no Mato Grosso do Sul. Isso vai exigir sacrifícios para nossos cidadãos europeus ainda mais agora com a agressão da Rússia à Ucrânica, isso se multiplicou. Podem contar com as empresas europeias para acompanhar este esforço”, ressaltou.
Segundo o embaixador, a covid-19 reforçou o avanço também na Europa no âmbito digital. “Recentemente fizemos em conjunto com o Brasil, a interligação entre Portugal e o Brasil, com cabo submarino EllaLink. A inclusividade social é uma regra de ouro para nós: não deixar ninguém para trás. Esta visita é um caminho com um objetivo muito forte e que agora tem a possibilidade de se realizar que neste Estado. Vai ter um sentido muito claro, o nosso acordo União Europeia e Mercosul. Nós acreditamos que este acordo vai ser uma agenda para o futuro. Em parceria, somos iguais com princípios e valores democráticos, direitos humanos, sustentabilidade, e que tem relação com comércio e desenvolvimento sustentável, seja no agro ou na indústria”, finalizou o embaixador.
Além do secretário Verruck, estavam presentes no encontro o secretário de Governo e Gestão Estratégica, Pedro Caravina, o secretário de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, e a secretária de Assistência Social e Direitos Humanos, Patrícia Cozzolino.
Comitiva da UE
A embaixadora da Suécia, Karin Wallensteen, indagou o governador sobre as relações do Brasil com os vizinhos como parceiros e a economia do Estado como negócio sustentável. Riedel respondeu que a estratégia em pesquisa, ensino e inovação com instituições estaduais e federais instaladas no Mato Grosso do Sul oferecem um ambiente de aporte de recursos nas áreas prioritárias do Governo do Estado.
Com relação a integração regional, o governador argumentou que algumas iniciativas estruturais estão sendo feitas para ainda tirar o Mercosul do papel
“Vocês tiveram esses problemas lá atrás, Existe ainda uma dificuldade prática e efetiva no relacionamento do Mercosul. O Mato Grosso do Sul, regionalmente, tem contribuído e feito a sua parte, como por exemplo, a Rota Bioceânica”, que vai fomentar o comércio. E a reforma tributária no País é essencial para retirar barreiras fiscais entre os estados. Isso tira a nossa competitividade e temos que criar condições para acabar com essas barreiras com tecnologia digital. Vamos inaugurar na semana que vem entre a divisa entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, um posto fiscal 100% digital. São câmaras que registram placas e notas fiscais e acaba com a fila de caminhões. A tecnologia está a serviço de desburocraticação. E o convívio entre os países irmãos pelos estados que detém esta relação geográfica”, informou o governador.
O embaixador de Malta, John Aquilina, perguntou sobre a interlocução do Mato Grosso do Sul com o governo federal em relação a economia estadual.
“O governo federal é fundamental na estratégia do Estado, ainda mais um [Estado] fronteiriço. No dia a dia, a aproximação se dá pelo Estado com cidades irmãs, mas uma ponte como esta da Rota Bioceânica, todas as estruturas alfandegárias são vinculadas ao governo federal. A nossa relação junto ao Itamaraty, sãa muito importantes para que se dê o avanço das relações entre os países e isso tem sido feito com um diálogo aberto e estreito, além de investimentos pesados em infraestrutura como em ferrovias, seja com recursos privados ou públicos federais”, disse Riedel.
Já o embaixador de Portugal, Luís Felipe Melo, perguntou quais são as três propostas que o Governo Federal solicitou que os governadores apresentassem como prioritárias e se elas estão abertas a participação de outros países.
“As três obras que solicitamos no dia 9 de janeiro foi o acesso a ponte da Rota Bioceânica, uma obra de R$ 100 milhões de reais e mais R$ 30 milhões em infraestruturas alfandegárias e que está sendo financiada pela Itaipu Binacional e que não teríamos condições de fazer. Uma segunda obra seria ferrovias, e que seria uma concessão do governo federal ao capital privado. E uma nova ferrovia saindo Estado e chegando até o porto de Paranaguá e pedimos o empenho do governo federal. Este projeto está sendo liderado pelos governos do Paraná e do Mato Grosso do Sul. E o terceiro pedido é na reestruturação de três rodovias federais: BR-163, BR-262 e BR-267”, completou.
Antes da reunião com o governador, a comitiva fez uma visita guiada ao complexo do Bioparque do Pantanal acompanhada da diretora do local, Maria Fernanda Balestieri.