Proposta feita no início de 2015 pelo Estado não foi levada adiante pela administração municipal, que possui gestão plena da Saúde sendo por isso a responsável pela palavra final em todo e qualquer investimento para o setor
Há mais de um ano, o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul tenta parceria com a Prefeitura de Campo Grande a fim de resolver a falta de respiradores bem como de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) na Capital. A grave situação dos pacientes que precisam de atendimento intensivo veio à tona anteontem em matéria veiculada nacionalmente, mas já vem sendo discutida pelo Estado há meses.
No início do ano passado, a SES (Secretaria de Estado de Saúde) apresentou proposta ao município para evitar que o quadro na Saúde se agravasse. O projeto incluía não apenas a questão da UTI, mas leitos de internação e demais serviços e chegou a ser discutida, mas nunca levada adiante pela administração municipal, que possui gestão plena da Saúde. Na hierarquia definida pelo Ministério da Saúde, a Prefeitura é a única que pode administrar todo e qualquer investimento feito no setor bem como autorizar a instalação de novos leitos. Ela é quem, inclusive, administra os recursos provenientes do SUS (Sistema Único de Saúde).
Dificuldade
Na tentativa de amenizar o problema, o Estado disponibilizou dez leitos de UTI no Hospital Regional e trabalha para abrir 40 novos leitos em hospitais da Capital. Outros 30 foram leitos de terapia intensiva estão sendo implantados no interior do Estado nos municípios de Dourados, Nova Andradina e Ponta Porã, a fim de que a população dessas cidades e entorno não tenha que se deslocar à Capital, onde há falta de vagas.
A previsão é que os novos leitos da Capital sejam instalados não apenas na Santa Casa, mas no Hospital do Câncer e Hospital Universitário. Contudo, essa instalação também depende da Prefeitura, pois o Estado não é autorizado a contratualizar diretamente com os hospitais. Conforme determinado pelo Ministério da Saúde, o Governo é obrigado a repassar o dinheiro dos leitos à administração municipal, e aguardar que esta proceda à instalação.
Para o Estado, entretanto, não se trata somente de mais recursos, mas de operacionalizar os já existentes. A abertura de leitos de UTI, por exemplo, pode ser feita com equipes terceirizadas para que não haja custo de instalação, apenas com manutenção mensal. Outra medida estudada pelo Estado é a tentativa de viabilizar espaços ociosos nos hospitais que possam vir a abrigar UTIs, devido à falta até de espaço físico na Santa Casa.
Driblando a burocracia
Para não deixar a população à espera, o Estado têm encontrado alternativas para auxiliar na Saúde em Campo Grande. Em quarenta dias, a Caravana da Saúde do Governo realizou mais de 200 mil procedimentos médicos na Capital. Foram consultas, exames e cirurgias eletivas para zerar filas de espera do SUS. Durante os trabalhos, o Executivo Estadual solicitou à Prefeitura firmar convênios com os hospitais para ampliar a oferta de serviços, mas a parceria não foi concretizada e os pacientes foram atendidos somente quando o Estado atuou diretamente junto aos hospitais por meio de credenciamento, medida essa que permite apenas atendimentos pontuais não podendo ser empregada quando se trata da questão dos leitos. (Assessoria)