Pacientes que procuram o Pronto Atendimento Médico (PAM) do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, em Campo Grande, enfrentam problemas de superlotação. A unidade de saúde do Estado atende quase o dobro da sua capacidade (168%) diariamente. O problema apontado pela direção é a falta de resolutividade dos postos de saúde da rede municipal, que deveriam atender demanda espontânea da sociedade, mas não têm médicos a disposição.
Cerca de 130 pessoas procuram o PAM por período, mas o limite da unidade é de 77 vagas, revelou o diretor-presidente Justiniano Vavas. Segundo ele, dois fatores contribuem diretamente para esse cenário: “a falta crônica de médicos nos postos de saúde, especialmente naqueles que são próximos ao HRMS; e o crescimento da demanda espontânea, aquelas que chegam ao hospital sem passar pela central de regulação do município”.
Para piorar a situação, Vavas afirma que a Central de Regulação de Campo Grande encaminha pacientes ao HRMS à revelia. “Mais do que o hospital suporta”, diz. Dentro desse contexto, o atendimento nos casos de urgência e emergência, fica prejudicado. Já os casos de não urgência – que deveriam ser tratados em unidades básicas de saúde – se tornam demorados.
Dados estatísticos do HRMS apontam que de janeiro a agosto desse ano, o PAM do hospital atendeu 26.953 pessoas, 8,8% a mais do que no mesmo período do ano passado (24.767).
Falta de médicos
O problema da falta de médicos nos postos de saúde e da consequente superlotação de hospitais é percebido de perto pela população. Mãe do Luiz Fabiano de 4 anos, Lucilene de Araújo, 25, procurou médico pediatra em dois postos de saúde antes de chegar no Hospital Regional. Ela só foi conseguir atendimento para o menino nessa terça-feira (13), um dia depois de ele apresentar febre, náuseas e vômitos frequentes.
“Nos postos mais perto da minha casa, nos bairros Guaicurus e Aero Rancho, não tinham médicos, por isso decidir vir aqui”, fala. Dentro do protocolo utilizado pelo Ministério da Saúde para classificação de risco, o caso do filho da Lucilene foi considerado de “pouca urgência”, ou seja, poderia receber atendimento em unidades de atenção básica.
Caso parecido é o do pequeno Cristian de 4 anos, filho da Lauriane Lima, 27. Feridas surgiram na cabeça dele, que passou a reclamar de dores constantes e apresentar febre intermitente. “Moro no Tarumã e fui procurar ajuda no posto do Coophavila, mas não tinha médico e decidi pedir ajuda no Regional”, conta. Os sintomas de Cristian também foram classificados como sendo de “pouca emergência” pela triagem. Porém, mesmo com estimativa de longa espera, Lauriane afirma que prefere ficar esperando. “Porque aqui é certeza que vai ter médico”, garante.
Investimento
Dentro da lógica de reestruturação do sistema estadual de saúde, o Governo de Mato Grosso do Sul vem fazendo uma sequência de investimentos em hospitais por todo o Estado. Em junho de 2015, o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, em Campo Grande, recebeu a ativação de 10 novos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Além desses, o Governo já entregou 20 novos leitos de UTI adulto no Hospital de Câncer Alfredo Abrão (HCAA), na Capital, e 10 leitos no Hospital da Vida, em Dourados. Até final de setembro de 2016, está prevista a entrega de 10 leitos de UTI no Hospital Regional de Nova Andradina e mais 10 leitos no Hospital Regional de Ponta Porã.
Outras duas obras emblemáticas de construção hospitalar para o Sistema de Saúde de Campo Grande também recebem investimentos do Governo Estadual: o Hospital do Trauma e o novo anexo do Hospital do Câncer. (Assessoria)