Redes cumprem ordem do ministro Alexandre de Moraes; Facebook, Instagram e TikTok já haviam suspenso o dono da Havan
Já suspenso do Facebook, Instagram e TikTok, o dono da Havan, Luciano Hang, também teve o canal no YouTube retirado do ar nesta quinta-feira (25). O empresário também perdeu acesso ao Twitter.
O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou o bloqueio das redes sociais de empresários bolsonaristas suspeitos de compartilharem mensagens de cunho golpista em um grupo de WhatsApp.
No YouTube, onde Hang diz ter “mais de 350 mil inscritos”, aparece a seguinte mensagem: “Este canal não está disponível no seu país”. O UOL entrou em contato com a plataforma que informou que “o canal foi bloqueado por conta de uma decisão judicial, a qual o processo corre sob segredo de justiça”.
Já no Twitter, perfil no qual o empresário reunia mais de 853 mil seguidores, uma tela diz que o perfil foi retido “em resposta a uma demanda judicial”. A assessoria de imprensa do site informou que a conta foi bloqueada para “atender a uma ordem” do STF.
Em uma publicação na rede social, pouco antes de ser bloqueado, Hang chamou a medida de censura, e disse que isso não fará com que ele se cale. Segundo o empresário, seu nome foi “colocado no meio de uma reportagem desconexa”.
No LinkedIn, a conta de Hang também segue ativa. O UOL entrou em contato com a plataforma e aguarda um retorno.
O UOL apurou que as medidas contra os empresários foram pedidas pela PF, autorizadas por Moraes dentro do chamado inquérito das milícias digitais e envolveu 35 policiais federais. As buscas foram feitas em endereços em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Ceará.
Nesta quarta-feira (25), o presidente Jair Bolsonaro (PL) falou sobre as operações da PF (Polícia Federal) contra empresários bolsonaristas que, em grupo de WhatsApp defenderam um golpe de Estado caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PL) vença as eleições. Bolsonaro afirmou ter contato com dois deles: Luciano Hang e Meyer Nigri.
“Somos ainda um país livre. Eu pergunto a vocês: ‘O que aconteceu no tocante aos empresários agora?’ Esses oito empresários. Dois eu tenho contato com eles, o Luciano Hang e o Meyer Nigri. Cadê aquela turminha da carta pela democracia? A gente sabe que em época de campanha continuam lobos em pele de cordeiro. Acreditar que eles são democratas e nós não somos? Cadê a turminha da carta pela democracia?”, questionou.
A ação cumpriu mandados de busca e apreensão após mensagens reveladas pelo colunista Guilherme Amado, do site Metrópoles. Entre os envolvidos estão Luciano Hang, da Havan; José Isaac Peres, da rede de shopping Multiplan; Ivan Wrobel, da Construtora W3; José Koury, do Barra World Shopping; Luiz André Tissot, do Grupo Sierra; yer Nigri, da Tecnisa; Marco Aurélio Raimundo, da Mormaii; e Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu.
Ao UOL, Hang classificou a medida de Moraes como censura: “Onde está a democracia e a liberdade de pensamento e expressão? Tenho certeza de que este era o objetivo de toda esta narrativa armada contra mim: tentar me calar. Mas sigo tranquilo, pois tenho a consciência limpa e milhões de brasileiros ao meu lado. Desde que me tornei ativista político luto pela liberdade do cidadão e por um Brasil melhor, mais próspero e justo. Seria muito mais cômodo para mim ficar no conforto da minha casa, mas escolhi não me calar diante das atrocidades do nosso país. Vivemos momentos sombrios, mas vamos vencer”, disse.